Foi com o título de A Private Correspondance, que George Wickes publicou, em 1963, uma parte da correspondência trocada por Henry Miller e Lawrence Durrell entre 1935 e 1959.
Em agosto de 1935 Durrell escreve a Miller a partir de Corfu para lhe revelar o entusiasmo que Trópico de Câncer lhe suscitara: «Graças a si está encontrada a forma de sair das latrinas.(…) Saúdo em Trópico de Câncer o manual da minha geração.»
Enceta-se assim uma correspondência muito amistosa entre os dois escritores, que trocam ideias a respeito de Hamlet, o livro epistolográfico então em processo criativo por parte de Miller e de Fraenkel.
O autor norte-americano encoraja o admirador a empenhar-se nos esforços literários e esforça-se por lhe conseguir a publicação dos poemas e artigos.
Em março de 1937, Durrell envia a Miller o manuscrito do seu The Black Book e a reação vai além das suas melhores expectativas. Escreve-lhe Miller: «Penso muito a sério, que você é o “primeiro inglês”! Muito adiante de Lawrence e de toda a sua tribo. Você faz parte dos asteroides e espero que para ficar!»
Não tardará que seja Miller a assegurar-lhe a edição francesa do romance na Obelisk Press, pouco depois de ambos se encontrarem em Paris. Dois anos depois, será Miller quem visitará Durrell na Grécia: dessa viagem surgirá O Colosso de Maroussi.
Durante a guerra Miller regressa à América e Durrell muda-se para o Egipto. Apesar das dificuldades de comunicação, os escritores mantém em aberto o diálogo por escrito.
Mais tarde, nos anos de 1957 e 1958 a correspondência retoma a densidade da segunda metade da década de 30 e aborda as obras que, um e outro, estão a escrever por essa altura: Big Sur no caso de Miller e O Quarteto de Alexandria no de Durrell.
Esta Correspondência Privada constitui, pois, uma chave imprescindível para a compreensão dos dois autores, e um documento notável sobre toda uma época da literatura do século XX.
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