Dentro da mesma linha de análise, Pedro Nuno Santos publica no «i» uma opinião quanto à impraticabilidade de se aumentarem as exportações, se não se garante uma massa crítica de crescimento a partir da satisfação da procura interna: O estrangulamento a que está a ser sujeita a nossa economia interna, através da austeridade e da desvalorização salarial, é estúpido e criminoso. Não é a destruição do mercado interno que vai aumentar as exportações portuguesas; apenas destrói empresas e emprego. E algumas dessas empresas, que ontem viviam do mercado interno, amanhã poderiam tornar-se exportadoras. Infelizmente, com esta estratégia, acabaram por morrer antes de poderem viver essa oportunidade.’
No «Diário Económico», outro colunista, Hugo Mendes, que nos tem brindado com apreciações bastante sólidas evoca os perigos para a democracia, que envolve a degenerescência económica do país: a democracia portuguesa vive um momento delicado, com o esmagamento do espaço de soberania económica e o empobrecimento forçado que aprofunda a crise de confiança dos cidadãos nas instituições democráticas e nos seus representantes. Neste ambiente perigoso, são de evitar atos ou palavras que, gratuitamente, possam incendiar o populismo antidemocrático.’
E este populismo antidemocrático é tanto mais perigoso, quanto encontra eco fácil em muitos dos que deveriam denunciá-lo como contraproducente ao misturarem políticos e partidos num mesmo caldeirão em que todos se equivalem em vilania. O que é completamente falso. Mas, quando a indignidade é traduzida na nomeação de um secretário de estado com um passado tão comprometedor, e nada parece poder derrubá-lo, admitamos a perda de alguma lucidez por quem permite sobrepor a racionalidade pela emoção mais descontrolada.
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