segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

LITERATURA: Ciclo Lawrence Durrell (7) - «Panic Spring»


Em 1937 Lawrence Durrell publica «Panic Spring» sob o pseudónimo de Charles Norden, recorrendo uma vez mais a muitos detalhes da sua própria autobiografia.  A começar pela ilha de Corfu, aonde então vivia, e que serve de modelo para Mavrodaphne, supostamente o espaço onde tudo se desenrolará. É aí que chega Marlowe, depois de se ver retido em Brindisi por causa da guerra civil na Grécia. E, mesmo assim, o acesso à ilha jónica só é possível graças ao barqueiro Cristos, que trabalha normalmente para o proprietário da ilha, o rico Rumanades.
Numa interligação com o romance anterior («Pied Piper of Lovers»), Marlowe encontra aí dois dos seus personagens, Gordon e Walsh, com quem conversa longamente durante o primeiro capítulo ao som do gramofone.
Nos capítulos seguintes, Durrell ensaia diversas opções estilísticas consoante aborda a personalidade dos diversos personagens. Por exemplo, no terceiro, é o referido Rumanades, quem merece a sua atenção, ao ser descrito como alguém capaz de enriquecer, mas de falhar estrondosamente no seu casamento. A febre, que contrai ao deixar-se ficar à intempérie enquanto divagava sobre a esposa perdida, ser-lhe-á fatal. E existe a ameaça latente de um nazismo em ascensão.
Trata-se, pois, de um romance experimental, que Durrell quis deixar esquecido como algo de descartável. Mas merecedor de atenção por quanto elucida sobre as inquietações do autor nesses anos de procura de uma identidade literária e pessoal, enquanto se ia colocando, com pertinência crescente, a possibilidade de uma nova guerra mundial.


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