sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

POLÍTICA: Os cortes na saúde favorecem quem?

Bem pode Paulo Macedo negar a evidência, mas começam a acumular-se os exemplos dos efeitos dos cortes na Saúde.
Os atrasos nos exames necessários a aferir o estado de tumores cancerosos, a morosidade em fazer chegar a Serviços de Urgências quem a eles deveria chegar o mais rapidamente possível ou a recusa de alguns hospitais em receberem outros pacientes, que não os das respetivas áreas de residência são demonstrações exemplares do que é uma política ditada pelas folhas de cálculo em vez de atender às pessoas, que a deveriam nortear. Mas são a ponta de um icebergue, que se torna particularmente visível nas visitas aos centros de saúde cada vez mais folgados de gente, porque quem a eles recorria encara as taxas moderadoras como um encargo a evitar … ou , se pode, opta pelos hospitais privados para quem Paulo Macedo criou a estratégia que, tão convictamente, leva a peito.

LITERATURA: quando Lisboa era um ninho de espiões

(a propósito do livro de Robert Wilson «A Companhia de Estranhos»)
O escritor de policiais Robert Wilson teria tanto êxito editorial em Portugal se não tivesse escolhido o Alentejo para viver? A verdade é que ainda faz parte da arte de ser português uma certa parolice - herdada do Estado Novo! - que exalta os egos se nos virmos prendados com a atenção de quem vem do Norte da Europa ou dos Estados Unidos.
Quando peguei em «A Companhia de Estranhos» não estava, propriamente, à espera de um John Le Carré, mas também não colocava tão baixa a fasquia  quanto à sua qualidade.
O que encontrei foi uma história romântica entre uma espia britânica e um alemão com a Lisboa da Segunda Guerra como pano de fundo, sem que Wilson tenha dedicado particular atenção à recolha de dados para a fazer credível.
Só para exemplo temos às tantas uma cena movimentada, que leva uma das personagens principais a seguir pela Calçada Ribeiro Santos, como se o militante do MRPP assassinado em 1972 já tivesse então e com direito a homenagem toponímica.
Mas esse é apenas uma falha de muitas outras, que se vai podendo detetar num livro projetado para um tipo de leitor pouco exigente e, sobretudo, interessado em tranquilizar os seus receios atávicos mediante uma vitória esforçada dos bons e do castigo dos maus. Mesmo se, pelo meio, e para tudo não parecer tão maniqueísta, morrerem uns quantos bons, deixando aos que ficam alguns compromissos mais ambíguos.
Por isso, depois de se julgar viúva antes do tempo, a espia inglesa retoma a atividade muitos anos depois para se colocar ao serviço do Kremlin e reatar o fio da história interrompida em Lisboa.
A história romântica prossegue em Berlim e em Londres até à morte dos protagonistas. Deixando um mundo a contas com os seus equívocos e contradições.


FILME: «Cloud Atlas» de Tom Tykwer, Andy e Lana Wachowski

Em 1849 um jovem advogado viaja pelo Pacífico Sul para resolver um assunto imobiliário e descobre a realidade da escravatura.
Em 1936, na Escócia, um jovem alimenta a relação epistolográfica com o seu amante, enquanto serve de assistente a um compositor na transposição para música das suas desinspiradas propostas. Embora, ele próprio, se sinta tentado a criar uma obra-prima de sua inteira lavra.
Em 1973, em São Francisco, uma jornalista descobre o envolvimento de um grande grupo industrial em alguns crimes.
Em 2012, na Inglaterra, um editor vê-se enclausurado contra a sua vontade num asilo para a terceira idade.
Em 2144, em Neo Seul, a clone Sonmi 451 revolta-se contra a ordem estabelecida  ao descobrir a própria consciência.
Em 2321, num mundo pós-apocalíptico, um pastor assiste ao massacre do irmão e do sobrinho sem que o possa evitar.
O primeiro «Matrix» causara surpresa quando se estreou, tornando-se numa obra de culto para a geração então a transitar da adolescência para a idade adulta. E dificultou a tarefa a quem, ulteriormente, se decidisse a desenvolver outras experiências onde confluíssem a filosofia metafísica e o cinema.
«Cloud Atlas» surgiu como tentativa de vencer esse desafio, associando os mesmos irmãos Wachowski ao alemão Tom Tykwer (que já assinara êxitos como «O Perfume» ou «Corre. Lola, corre»). Os três realizadores contam seis histórias, que se intercalam numa montagem paralela entre épocas diferentes num intervalo de quatro séculos, e contando com o mesmo grupo de atores distribuídos por diversos papéis.
Se nenhuma das histórias vale por si isoladamente, a coerência final fica garantida numa interpretação aglutinadora de todas elas.
Tykwer e os Wachowski recorrem tão lestamente ao romance original de David Mitchell como às potencialidades da História do Cinema. É que, cada uma das histórias é abordada de acordo com os códigos de um género cinematográfico distinto: o relato epistolar de uma travessia marítima; uma história de amor contrariada pelas convenções sociais; um policial paranoico associado à tradição blaxploitation dos anos 70; a comédia social tendo anciões como protagonistas; a ficção científica; e aventuras pós-apocalípticas.
Com este projeto os realizadores parecem querer demonstrar que toda a História do Cinema parece convergir para um único tema: a da própria Humanidade. Porque os destinos de todos os personagens nas várias épocas misturam-se e influenciam-se entre si, mesmo que não se cheguem a encontrar. É no fundo o que está explícito no título original: a cartografia das nuvens enquanto forma de ler e descobrir o sentido da vida.
Existe algum génio nos realizadores ao transcenderem o seu material de base, quer no argumento, quer na opção pelo elenco. Eles conseguem, de facto, devolver brilho a antigas glórias do cinema, entretanto ultrapassadas enquanto fenómenos de moda: Halle Berry, Tom Hanks, Jim Broadbent ou Hugh Grant conseguem credibilizar uma galeria eclética de personagens.
Trata-se, pois, de um filme que atravessa transversalmente diversos géneros e que se torna numa autêntica experiência meta-cinematográfica em que a realização organiza o argumento como se se tratasse de uma complexa partitura musical.



FILME: «Cloud Atlas» de Tom Tykwer, Andy e Lana Wachowski

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

TEATRO: «Ping Pong Pau», de Ricardo Alves

Esta é a peça que poderemos ver no sábado ou no domingo nas instalações do Bando em Vale dos Barris (Palmela).



ECOLOGIA: as armas químicas despejadas nos fundos marinhos

(DOCUMENTÁRIO: «Armas químicas submersas» de Bob Coen, Éric Nadler e Nicolas Koutsikas(2014))

 No verão passado uma estranha alergia acossou os banhistas das praias da Costa da Caparica e da Linha do Estoril.
Nem então, nem posteriormente, foram dadas explicações para o que esteve na origem desse acontecimento, apesar da visibilidade suscitada pela proibição de acesso ao mar durante alguns dias.
Curiosamente este documentário torna pertinente a questão: e se o escândalo aqui denunciado também estiver na origem de tais alergias?
Durante várias décadas caiu um manto de silêncio sobre o armamento químico despejado para o fundo dos mares no final das duas guerras mundiais e que constituem uma enorme ameaça para o homem e para os ecossistemas.
Mais de um milhão e meio de toneladas de armas químicas por utilizar estão mergulhadas nos fundos marinhos do planeta. Trata-se, é claro, de uma estimativa, porquanto continuam inacessíveis as informações oficiais sobre a quantidade real em causa.
Os venenos nelas contido (gás mostarda, sarin, arsénico, …) vão-se escapando lenta e inexoravelmente dos seus corroídos contentores.. E vão causando vítimas mortais nalgumas comunidades piscatórias ou alterações genéticas nalgumas espécies marinhas.
Até ao início dos anos 70, com um pico entre 1917 e 1945, os exércitos das grandes potências foram despejando sistematicamente o seu indestrutível arsenal de materiais químicos no fundo dos mares, dos lagos ou enterraram-no.
Em 1945, na conferência de Potsdam, os Aliados concordaram em imergir no Báltico, no Atlântico Norte, no Adriático e no Mediterrâneo o conjunto do armamento químico recolhido junto dos beligerantes, não escapando igualmente a esse plano os fundos marinhos ao largo dos Estados Unidos, do Japão e de algumas regiões do oceano Índico.
Alguns documentos entretanto desclassificados e investigações independentes permitiram saber algo do que se passou com esses despejos. Desde então aumenta o número de gente empenhada em localizar e neutralizar essas bombas ao retardador. Mas os obstáculos são colossais: a dissimulação e a imprecisão dos arquivos disponíveis, o segredo militar, os custos da operação de limpeza e a oposição dos que temem ver prejudicadas as indústrias da pesca e do turismo.
Torna-se muito difícil avaliar a extensão da ameaça que pesa nas populações e nos ecossistemas tendo em conta a indiferença dos Estados, que foram responsáveis por esta catástrofe potencial e, agora, se eximem às correspondentes responsabilidades.
A esperança reside num grupo de cientistas, que conseguiram envolver a Organização para a Interdição das Armas Químicas na resolução do problema.
Este documentário, que associa muitas entrevistas a imagens de arquivo, enumera as zonas em risco e mostra quais as soluções possíveis para proceder à limpeza em causa.


LIVRO: «A Arte de Viajar» de Alain de Botton

Não sei se possuo a arte de viajar, mas que gosto de o fazer é algo quase atávico na minha natureza. Está-me nos genes porquanto, desde muito cedo, vi o meu pai dedicar-se à preparação das viagens planeadas para a família.
Fosse inicialmente para as voltas pelo Portugal profundo no tempo em que não existiam quaisquer autoestradas, fosse para as depois empreendidas para Sevilha ou para Toulouse, o ritual era sempre o mesmo: sentava-se à mesa da cozinha com o mapa das estradas e assentava, com todo o pormenor, os trajetos a realizar. Chegando ao apuro de prever as horas de partida e de chegada para cada uma das etapas. Antecipava assim a necessidade do GPS, que lhe daria - acaso então existisse - toda a informação pretendida.
Não foi, pois, nenhuma surpresa que, chegada a hora de decidir o que pretendia fazer na vida, a opção pela marinha mercante me tenha surgido como solução apetecível para correr mundo. Até porque à época, antes do 25 de abril, era alternativa auspiciosa ao salto para as estranjas como forma de não participar na guerra colonial.
Passei, assim, duas dúzias de anos no mar aportando a cidades e vilas de todos os continentes. E de muitas dessas viagens ficaram-me retidas imagens para o resto da vida: os glaciares da Islândia ou do Estreito de Magalhães, a Grande Barreira de Coral da Austrália, os fiordes noruegueses, os arranha-céus de Nova Iorque antes, durante e depois das Torres Gémeas, as ruelas estreitas de Veneza…
Mas, além dessas imagens fixadas intemporalmente, ficam as muitas vivências, quer positivas, quer as que na época não o foram. Mas que me fizeram sempre amadurecer…
Porque a viagem é isso mesmo: um pretexto constante para nos apurarmos na direção do que queremos ser.
Curiosamente esse legado da viagem como pretexto para a transformação do viajante está ausente do ensaio escrito por Alain de Botton em 2002 para caracterizar a arte do viajante. E, se diz coisas muito pertinentes, ao mesmo tempo que aproveita para exibir a erudição, também é verdade que fica a ideia de não ter assim tanto prazer pelo esforço de viajar, porquanto dá importância relevante a quem planeava fazê-lo e cumpria com o necessário para tal até desistir no último momento (o personagem De Esseintes de uma novela de Huysmans) ou não deixa de admirar Xavier de Maistre, conhecido por ter um romance inteiramente dedicado ao que via enquanto passeava no seu reduzido quarto.
Apesar de constituir uma leitura, que chega a ser entusiasmante - nomeadamente quando nos convida a apreender a Provença através do olhar facultado pelas telas de Van Gogh - dá para concluir que perorar sobre as viagens não basta para as encarar com o entusiasmo que elas suscitam nalguns dos seus leitores. Que encaram a descoberta doutros lugares e doutras pessoas como uma indispensável forma de magia. Aquela que Alain de Botton não chega a encontrar...


BANDA SONORA: «Ciaconna», L'Arpeggiata

Foi o sétimo tema do concerto de domingo transato na Gulbenkian. Curiosamente este clip corresponde a uma formação dos L'Arpeggiata maioritariamente feminina, ao contrário do que se verificou na agora presente em Lisboa...

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

FILME: «A Festa do Fogo» de Asghar Farhadi (2007)

Estamos na última quarta-feira do ano do calendário iraniano, quando se festeja ruidosamente o Chaharshanbeh suri.
Uma jovem empregada doméstica é enviada pela agência a um condomínio privado para aí levar por diante a derradeira e tradicional limpeza antes da chegada do Novo Ano. No íntimo sente o entusiasmo pelo casamento, que está quase a consumar com o seu amado primo.
Rouhi não tardará a conhecer quem a contratou: um casal em crise já que a mulher, Modjeh, está convencida da ligação adúltera do marido, Morteza, com Simin, uma cabeleireira divorciada, que vive ali mesmo ao lado.
Sem suspeitar, a jovem irá ter um curso acelerado sobre as dificuldades da vida conjugal, ainda que não se furte a ter algum protagonismo na melhor das intenções: por isso irá mentir a propósito dos bilhetes da viagem planeada pelo casal para o dia seguinte e que os deverá levar para umas curtas férias no Dubai.
- O estafeta deixou os bilhetes em casa de Simin, a cabeleireira, porque a vossa campainha não toca! É por isso que ela ficou a saber da hora a que irão partir!
Tenta assim corrigir a informação, que dera a Modjeh sobre o facto de Simin - a quem pedira para lhe depilar as sobrancelhas! - estar a par dessa viagem.
Nessa altura Rouhi ainda julga que a patroa é histérica, o marido fiel e a cabeleireira simpática. Mas quando descobre o carro de Morteza perfumado pela essência, que Sirin lhe dera prestimosamente a conhecer, as suas convicções vacilam fortemente.
Quando a noite acaba só Amir-Ali, o filho de Morteza e de Modjeh, se divertiu com os petardos e o fogo de artifício. Aos pais restam a tristeza, as dúvidas e o silêncio. Quanto a Rouhi, finalmente chegada ao encontro com o noivo, a vontade é a de esquecer tão rapidamente quanto possível essa lição de vida, que recebera por mero acaso.
Em suma a história é a de uma mulher, que suspeita da infidelidade do marido, e o de uma jovem empregada, que começa por ser uma testemunha passiva para depois se tornar participante ativa da crise do casal. Estamos, pois, um Irão muito diferente das ideias preconcebidas, que dele temos no Ocidente: um país islâmico onde a obrigação do porte do tchador não impede as mulheres de assumirem e exprimirem os seus desejos. E onde os homens podem viver de forma ambígua os seus sentimentos, sem evitarem o comprometedor choro.
Quase que se pode dizer que temos aqui elementos de tragédia grega numa história, que dura um dia, e torna o espectador no joguete de um argumento construído com grande solidez em torno de uma verdade, sempre à beira de explodir a exemplo dos petardos da «Festa do fogo», mas contida pelas lágrimas da criança ou pelos constrangimentos religiosos. E a própria Rouhi torna-se, ela própria, numa personagem instrumentalizada por cada um dos elementos do casal para precipitar a revelação ou o escamoteamento da verdade.
Fora desse triângulo de protagonistas restam os outros, os que episodicamente vão servindo de voyeurs a exemplo do que é o ambiente de vigilância coletiva do país dos ayattollahs
Se foi com «A Separação», que Asghar Farhadi se viu consagrado como um dos grandes nomes do cinema atual, este filme anterior já demonstrava plenamente o engenho e a inteligência dos seus projetos ficcionais...





terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

HISTÓRIA: Com o que se parecia a vida no Egito de há 3500 anos? (2)

(DOCUMENTÁRIO: «Os Segredos do Vale dos Reis» de Joann Fletcher  (2013))


 A Morte era a fase mais importante da vida dos antigos egípcios. Daí a importância de se prepararem devidamente para ela de forma a almejarem a imortalidade. Por isso mesmo em Deir el-Medina a indústria principal, senão mesmo a exclusiva, era a que tinha a ver precisamente com as atividades funerárias.
O Livro dos Mortos, espécie de guia para facilitar o percurso pelo Além, através de fórmulas mágicas, era uma das ferramentas imprescindíveis de cada túmulo. E o de Khâ é um dos mais impressionantes alguma vez encontrados. Feito em rolo de papiro, tem quase catorze metros de comprimento e terá obrigado ao investimento de muitas horas de trabalho.
Sujeitos a exames imagiológicos os despojos de Khâ e de Merit revelam particularidades curiosas, porquanto terão sido sujeitas a processos de mumificação mais dispendiosos do que os métodos usualmente aplicados até para os faraós, o que confirma o estatuto e as posses do casal.
Mas, mais importante terá sido o saber de Khâ, que possibilitou a inviolabilidade do túmulo durante tantos anos...



HISTÓRIA: Com o que se parecia a vida no Egito de há 3500 anos? (1)

(DOCUMENTÁRIO: «Os Segredos do Vale dos Reis» de Joann Fletcher  (2013))




 Arqueóloga entusiasta, Joann Fletcher empreende o objetivo de reconstituir o quotidiano de um casal cujo túmulo foi encontrado intacto em fevereiro de 1906, e cujas múmias, e tudo quanto as acompanhavam para o Além, estão agora conservados no Museu das Antiguidades Egípcias de Turim.
Ele chamava-se Khâ e era o arquiteto responsável pelos trabalhos na necrópole de Deir-el-Mèdina, na margem ocidental do Nilo, mesmo em frente de Luxor. E a esposa chamava-se Merit.
Esse achado tão próximo do Vale dos Reis incluía, além das múmias, muito mobiliário, máscaras funerárias, produtos de maquilhagem, ferramentas do arquiteto e até vários tipos de pão.
Baseando-se nestes tesouros, Joann Fletcher procura a resposta para algumas questões: como era a casa de Khâ e de Merit? Como se encontraram? Em que consistia o trabalho de Khâ? Quais eram os seus costumes e atividades quotidianas?
Gastronomia, cuidados de beleza, rituais religiosos, vida amorosa, métodos de trabalho: a arqueóloga retrata com verve e rigor a vida desse casal egípcio, que viveu cerca de 1500 a.C.
Estava-se então no reinado de Amenhotep III, quando a civilização egípcia conhecia uma autêntica idade de ouro, sendo crível que Khâ tenha, com o seu saber, estado na origem de muitos dos monumentos de então. O que explicaria a vida algo faustosa, que era a sua e está testemunhada no conteúdo da sua derradeira morada.
O pão e a cerveja constituíam a base da alimentação. Desconhecendo a levedura, os egípcios criavam vários tipos de pão, em que misturavam os mais variados complementos desde ervas aromáticas ao mel. E, deixando os excedentes ganharem bolor, utilizavam-no como medicamento de uma forma só compreendida milénios depois: obtinham dessa forma uma versão pioneira do que seria a penicilina.
Através da análise de vestígios fragmentários, Joann vai prosseguindo a sua viagem ao passado, dando-nos a conhecer a tragédia por que passou a família, quando Merit morreu de repente, quando ainda era bastante jovem.
Na perspetiva de partilharem a imortalidade em conjunto, Khâ garantiu-lhe sepultura provisória até estar preparado o túmulo que ambos partilhariam. Até porque ele duraria até idade avançada, sempre ativo na profissão por que era admirado.