Há três anos atrás, muitos reformados e pensionistas acreditavam na bondade do líder do CDS/PP em como estaria no governo ou na Assembleia da República para defender os seus interesses, e por isso entregaram-lhe o voto sem qualquer reserva.
Outros quiseram crer no novo líder do PSD, que diabolizava tudo quanto fora feito por José Sócrates e lhes prometia uma nova Canãa por onde correria leite e mel. E por isso também lhe confiaram o voto.
E também há que contar com os funcionários públicos, nomeadamente os professores manobrados pelo inefável Mário Nogueira, igualmente dispostos a votarem em quem derrotasse quem viam como o culpado de todas as corrupções e maldades, ajudados pela campanha ativa de pasquins tipo correio da manhã.
Foram esses votantes que destruíram a dinâmica de desenvolvimento do país, que se traduzia em apoios à investigação científica, na qualificação dos recursos humanos pelas Novas Oportunidades, na reforma da burocracia administrativa do Estado através do Simplex ou na menor dependência dos hidrocarbonetos através dos investimentos nas energias renováveis.
Em 2011 tínhamos um país em rápida evolução para um futuro, que parecia prometedor, quando a conspiração de direita conseguiu arranjar terreno propício numa outra, de maior amplitude, pela qual o capital financeiro decidiu fazer uma razia nas poupanças e nos rendimentos das famílias da classe media europeias.
Esses reformados e funcionários públicos não poderiam imaginar que, ao darem a vitória eleitoral a passos coelho e a paulo portas, se estavam a transformar numa espécie de judeus como os que, no romance de Philip Roth «Conspiração Contra a América», vêem chegar, pouco a pouco, a ameaça nazi e se sentem impotentes para a derrotar.
O programa de austeridade imposto pela troika e diligentemente aplicado por vítor gaspar e marilu albuquerque corresponde a um progrom social, que nenhum indicador do INE parece quantificar.
Mas, desde 2011, quantos portugueses já apareceram afogados nas margens dos rios e nas praias oceânicas do nosso país? Quantos caíram inexplicavelmente das varandas de prédios de vários andares? Quantos foram encontrados enforcados? Quantos partiram para supostos el dorados por essa Europa fora e se acoitam envergonhados nas estações ferroviárias ou de metro de muitas cidades europeias, sem emprego nem dinheiro para regressarem?
Não foi necessária nenhuma Conferência de Wannsee para que passos coelho e paulo portas decidissem levar por diante uma solução final para quantos consideraram irrecuperáveis para se sujeitarem às novas condições de exploração das suas mais-valias. Não tem sido necessário Zyklon B para ir reduzindo a população ativa portuguesa e embelezar os índices de desemprego!
Está em curso uma Conspiração contra Portugal, tal como no livro de Roth estava em equação um projeto genocida contra os judeus norte-americanos. É a conclusão óbvia, que se retira da leitura do romance daquele a quem a Academia Sueca pareceu teimar em não dar o Nobel.
Mas todas as conspirações têm um epílogo. E esperemos que todos quantos foram enganados em junho de 2011 e contribuíram para o sofrimento a que, desde então, têm sido sujeitos, se mostrem mais sagazes e saibam estar à altura das suas responsabilidades, quando tiverem nova oportunidade para se pronunciarem sobre quem querem ver à frente dos seus destinos. Talvez até venham a concluir o quanto foram enganados a respeito de um líder a quem injustamente penalizaram...
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