domingo, 31 de outubro de 2010

OPERETA RECAUCHUTADA

Se todos os portugueses lessem com atenção (e tivessem compreensão para tanto!) os textos publicados esta semana no «Expresso» por Miguel Sousa Tavares e Daniel de Oliveira a propósito da recandidatura de Cavaco Silva à Presidência da República, a sua votação seria grupuscular.
É que o personagem é tão nulo nas suas ideias e tão presunçoso na sua auto-estima, que mereceria uma avaliação adequada ao seu escasso valor.
Infelizmente, os portugueses tantas vezes sagazes na forma como actuam, distraem-se outras tantas e possibilitam fenómenos conjunturais como este cavaquismo de opereta…

(FALTA DE) SENTIDO DE ESTADO

O que de sentido de Estado se pode esperar de um eventual Governo do PSD liderado por Passos Coelho ficou bem evidenciado na recusa dos seus negociadores aparecerem formalmente numa cerimónia de assinatura do acordo com o Governo para a aprovação do Orçamento de Estado para 2011.
Mais preocupado com a política politiqueira do que com os interesses do Estado, o PSD prefere passar uma imagem de descomprometimento junto do eleitorado, quando está de facto a validar um documento primordial para o que será a vida dos portugueses nos próximos meses.
Em vez de dar para os mercados financeiros a imagem necessária de um país aonde as principais forças políticas conjugam esforços para superar as suas momentâneas dificuldades, a mensagem transmitida pelo maior partido de oposição foi a de uma volatilidade passível de gerar novas crises a curto prazo. Mesmo que isso traga consequências gravosas para a vida futura dos cidadãos...
É que da forma como esses mercados se estão a comportar, o mais provável será manter-se uma pressão muito forte a nível de taxas de juro ou mesmo de disponibilização de créditos de que o país necessita para não entrar em colapso.
Mas já se viu que a estratégia do PSD será a de ascender ao poder numa altura em que as circunstâncias para que está a ajudar a criar obriguem à vinda em força do FMI e que cavalgue o álibi de ser obrigado por esta organização a tomar as medidas ainda mais duras do que as actualmente consideradas sob o argumento de nada ter contribuído para tal estado das coisas. Aproveitaria, então, para complementar o rigorosíssimo pacote de medidas «impostas» com todas as de destruição do Estado Social, que tanto execra…
Compreende-se, assim, a razão que motivou a recusa de uma fotografia de acordo com o Governo, cuja acção só deseja sabotar. Ao acusar o PS de só pensar na forma de se manter no poder, o PSD imita o bom julgador, que bem sabe do que é capaz...

sábado, 30 de outubro de 2010

Entusiasmos com sondagens?

Entusiasmado com as sondagens, que dão Passos Coelho à beira da maioria absoluta, um comentador do Diário Económica explica nelas a súbita «vontade» do Governo em chegar a acordo para o Orçamento evitando uma crise política.
Tese estúpida, obviamente, já que o motivo maior da urgência de acordo continua a residir na facilitação do crédito bancário internacional às necessidades internas e não lembra a ninguém, que se governe em estado de urgência em função de algo tão volúvel quanto o são as sondagens. Tanto mais, que são elas mesmas a confirmar a descrença dos portugueses quanto à possibilidade de que haja quem possa fazer melhor.
E o próprio comportamento do PSD o atesta: sabe-se o que Passos Coelho não quer - uma escola e uma saúde públicas financiadas pelo Estado como forma de dar alguma igualdade de direitos aos cidadãos - mas ele não se atreve a confessar o que quer: um Estado de poucos para poucos, deixando a maioria entregue a si mesma de acordo com o seu credo neoliberal. Com dinheiro poderá ter o pão, a educação, a saúde e a habitação. Se não tiver, que tivesse!
O que impressiona nos resultados das sondagens é que quem aposta em Passos Coelho só pode ser ainda mais prejudicado pela sua ideia de governação, mas parece disposto a deixá-lo demonstrar. Quando o que seria lógico seria uma transferência de votos do PS para a sua esquerda, aumentando o peso sociológico dos comunistas e dos bloquistas na condução das políticas nacionais.
Esperemos alguma clarividência no eleitorado quando, em meados do próximo ano, voltar a decidir nas urnas quem continuará a reger o curso do país...

Mitos da Direita para uma Esquerda pouco crítica

O último ensaio do Luc Ferry tem duas teses ambíguas, uma das quais muito incensada pelos ideólogos da direita: a de que o consumismo que, nas últimas décadas, deu origem ao capitalismo selvagem dos nossos dias, terá tido origem numa tradição hedonista começada pelos boémios do início do século XX e a atingir o seu esplendor na revolução hippie dos anos 60.
O que a direita anda a defender  - e não esqueçamos, que Luc Ferry foi ministro de um governo de direita em França  - é que tudo quanto cheire a rebeldia (nos costumes e nos valores) é que está na origem da agudização da exploração das classes mais desfavorecidas pelas detentoras do poder.
Obviamente não concordo com esta perspectiva, apenas aceitando que algum radicalismo só tem favorecido uma estratégia de domínio económico por parte da emergente elite financeira...
A segunda tese, que parte do mesmo tipo de lógica, explica a decadência do sentimento religioso mediante a sua substituição pela paixão amorosa. Ou seja, prescinde-se de deus em função da sacralização do ser amado pelo qual se poderá chegar ao próprio sacrifício supremo.
Até simpatizo com a tese da substituição do ópio do povo pela obsessão amorosa, mas não me parece que constitua uma explicação maximalista. Num tempo em que a ciência encontra explicações do infinitamente pequeno ao infinitamente grande, sobra pouco espaço para o imaterial.
Aonde se situará qualquer dos deuses criados pelo Homem, quando nenhum espaço subsiste para ele ocupar na manifestação dos seus supostos poderes?

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

UM SILVA COMO PARADIGMA DE UM PAÍS NO DIMINUTIVO

De esquerda ou de direita nenhum dos colunistas dos vários jornais hoje lidos diz uma linha de louvor ao discurso de Cavaco Silva a propósito da sua recandidatura a Belém.
Um insuspeito Miguel Gaspar diz no «Público», que Cavaco Silva (…) vai ser o candidato das paredes vazias. (…) Sem uma ideia, porque é no vazio que está o segredo para chegar a todos os eleitores, de esquerda ou de direita.
Que o sujeito não tem  consistência, há muito que se sabe. Investido de um poder, que nunca mereceu, soube cuidar de uma imagem pessoal com laivos de salazarismo. Estimulando uma arte de ser português feita de mesquinhez e de intriga, que se revelou particularmente evidente no nunca por demais recordado episódio das escutas.
Se a alma lusa consegue, amiúde, alguns laivos de grandeza, nos seus intervalos compraz-se com uma mediocridade tacanha de que o filho do antigo gasolineiro de Boliqueime é exemplo lapidar.
Não admira que tenha por seguidores tanta gente minúscula, mas igualmente convencida  de excepcionalidade no talento. Como essa Joana Carneiro, promovida a maestrina saltitante de palcos condescendentes, ou a fadista Katia Guerreiro, que ninguém ousa comparar a outras vozes bem mais dotadas do género. Ou um João Lobo Antunes, irmão do invejoso de serviço nas letras nacionais. Ou uma Eunice, que ficou endeusada por uma certa intelectualidade enquanto permaneceu como companheira de estrada dos comunistas e cuidou de usufruir desse estatuto, quando se virou oportunistamente para a direita.
É claro que a inteligência, a criatividade, a inovação, distribuem-se pelas candidaturas da esquerda.  Que tiveram de se dividir por diversos candidatos para albergarem devidamente quem, efectivamente, conta neste país. Ou devia contar, claro...


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

UM ARTIGO ESCLARECEDOR

É muito raro encontrar colunista no «Público», que fuja ao estereotipo do opositor de direita ao governo de José Sócrates, e portanto capaz de um discurso diferente da cartilha neoliberal por ora dominante.
Verdadeiro Quixote surge São José de Almeida com artigos, que não deixam de contestar o rumo traçado por José Sócrates, mas com a virtude de o fazer pela esquerda sem se deixar enfeudar às cassetes gastas do PCP ou do Bloco de Esquerda.
No curioso texto publicado na edição do dia 23 de Outubro ela começa por empolar a proposta de Carvalho da Silva no programa «Prós e Contras»: que os accionistas de um grupo específico de empresas aceitassem entregar ao Estado os lucros que recebem durante apenas seis meses. O resultado obtido equivaleria a 85% das receitas previstas por Teixeira dos Santos com as medidas agora anunciadas para o Orçamento de 2011.
É claro que, no actual estado de relação de forças entre quem detém o poder e quem a ele se submete, tal medida é impraticável. Mas as revoltas francesas fazem emergir a esperança de um levantamento geral dos explorados, que permita questionar o lucro dos accionistas das grandes empresas e pôr em causa o próprio sistema económico em vigor e o funcionamento do capitalismo financeiro e especulativo.
Mais adiante, São José Almeida demonstra a hipocrisia desta suposta democracia em que vivemos, que mais não é do que uma ditadura dos mercados:
Os mercados são os novos donos do mundo. Põem e dispõem da vida das pessoas e dão ordens ao poder político democraticamente eleito e supostamente em funções de governação em representação do soberano, do povo, das pessoas. De repente, aquilo que era apontado como o modelo social de excelência, porque o mais democrático e porque o que ao maior número de pessoas conseguia assegurar melhor bem estar, é dilapidado e destruído em nome dos interesses da entidade chamada mercados. E a dúvida instala-se: será que o bem estar da sociedade da grande maioria das populações da União Europeia pode regredir de forma radical em nome do interesse dessa entidade chamada mercados? O que é e quem representa os mercados? São constituídos por empresas multinacionais, como empresas de especulação financeira, bancos e seguradoras, não são? Têm accionistas e administradores, não têm? Por que  ninguém fala o nome dos novos senhores do mundo?

domingo, 24 de outubro de 2010

Um Ambiente de fim de ciclo

As negociações entre o Governo e o PSD para viabilizar o Orçamento para 2011 estão a decorrer,  mas já estamos bem cientes do advento de tempos difíceis. Com este Governo ou com o dos seus opositores directos o resultado traduzir-se-ia sempre num violento apertar do cinto. Sem se questionar o que  causou esta crise, mormente se o tão incensado capitalismo ainda é capaz de dar resposta satisfatória ao desejo colectivo de uma vida mais compensadora.
Até os mais insuspeitos colunistas de jornal antevêem violentas tempestades futuras.
Fernando Sobral, por exemplo, afirma no «Jornal de Negócios»: estamos a assistir ao início da retirada do Estado de sectores onde equilibrava os desequilíbrios sociais. E isso vai implicar uma certa forma de análise e discurso político. E uma nova relação do Estado com os cidadãos. Num país pobre como Portugal, habituado ao ombro do Estado, esse assunto vai ser escaldante. E é isso que a nossa classe política, na generalidade, nem sequer pensa.
Outro colunista nada conotado com o Governo também constata: lidamos muito mal com a responsabilidade, mas enfrentamos muito bem a fatalidade. Razão para culparmos a situação actual em função da crise internacional,  sem nos atermos às nossas próprias fragilidades em tudo quanto agora ameaça desabar sobre as nossas cabeças.
O pacote de medidas é, de facto, muito violento, sem suscitar maior reacção, que o de um dia de greve geral para meados do mês que vem. Mas, desconfiemos da aparente acalmia com que vivemos. Como dizia Miguel de Unamuno o povo português tem, como o galego, fama de ser um povo sofrido e resignado, que tudo suporta sem protestar, a não ser passivamente. E, no entanto, há que ter cuidado com os povos como esses.  A ira mais terrível é a dos mansos. E como se diz num dos blogues mais interessantes: quando se luta nem sempre se ganha, mas quando não se luta perde-se sempre.


sábado, 23 de outubro de 2010

CRIMINOSO DE GUERRA

Novos documentos revelados pelo Wikileaks mostram que a guerra do Iraque causou cento e nove mil vítimas mortais entre os antigos súbditos de Saddam Hussein. Números do próprio Pentágono.
No balanço de quem terá sido maior assassino, George W. Bush ganhará por larga margem ao antigo presidente do Iraque. E assim deverá ser considerado pela História dos homens.
Acrescente-se-lhe ao currículo o facto de ser o causador de um dramático retrocesso quanto à condição da mulher num país aonde, outrora, elas quase tinham conseguido uma paridade de direitos em relação aos homens…

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A PROPÓSITO DE UMA PETIÇÃO

No fim de semana transacto apareceuuma  proposta na minha caixa de correio electrónico a propore a assinatura de uma petição destinada a solicitar o julgamento dos governantes, que têm atirado o país para a difícil situação em que se encontra.
Para escândalo de alguns a minha posição foi simples: quem deveria ir preso era quem teria tido a ideia de tal petição. Porque corresponde a uma hedionda manifestação do fascismo mais troglodita.
Vejamos porquê. Em primeiro lugar a classe política é extremamente mal paga em Portugal. Condicionados por demagogos, que sempre defendem a equivalência entre o exercício do poder político com corrupção e com «tachos», os portugueses têm anuído sem inteligência à condenação de terem geralmente por governantes os menos capazes, aqueles que não teriam grandes hipóteses na economia privada. Muito embora também haja quem ande na política a perder muito dinheiro, apenas porque a considera com a dimensão cívica, que deve ter: a de uma actividade nobre ao serviço dos concidadãos.
Assim, se estão assim tão insatisfeitos com os políticos, porque é que tais peticionários não se dispõem, antes, a propor remunerações suficientemente atraentes para que encontrem a comandar a nau portuguesa, quem ponderaria substantivamente pelas vantagens de gerar lucros nos grupos económicos privados ou em criar estratégias vencedoras para o grande colectivo nacional?
Mas outra característica é própria de tais peticionários: por natureza são os primeiros a criticar quem se esfalfa a encontrar caminhos possíveis no meio desta globalizada tempestade de todo o sistema capitalista e os menos dispostos a perderem noites e fins-de-semana em actividades de militância, em que pudessem demonstrar um espírito construtivo em vez da vil maledicência.
Talvez na maioria dos casos não tenham consciência de como andam a aquecer esse ovo da serpente, que bem gostaria de voltar a pisar os portugueses por mais quarenta oito ou mais anos…
É que o fascismo está aí bem presente no discurso idiota, mas perigoso, dos taxistas ou dos frequentadores dos fóruns televisivos ou radiofónicos.
Gente inepta, que nunca se dispôs a mexer um músculo por uma causa nobre e só procura exercer o direito ilegítimo a uma crítica sem substância...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A FALÊNCIA MORAL DOS EUA

De entre os colunistas norte-americanos, que escrevem sobre economia, Jeffrey  Sachs é um dos mais interessantes por reflectir pontos de vista muito distintos dessa corrente neoliberal, que causou a crise financeira de há dois anos e está na origem da presente conjuntura de aperto para os mais desfavorecidos.
Num texto agora publicado no «Jornal de Negócios» ele prevê um aumento na crise moral da sociedade norte-americana por efeito da derrota dos democratas nas eleições de Novembro. Porquanto cresce a  tendência para, na maior das pseudo-democracias capitalistas se acreditar no direito a usufruírem-se de serviços públicos facultados a nível federal sem para tal se deverem pagar impostos.
Os demagogos, que agora se acoitam sob o chapéu do tenebroso «Tea Party» instilam a ideia de que pagar impostos limita uma suposta liberdade, que é verdadeira para os mais ricos, mas que é negada aos mais pobres. E, no entanto, cresce a percentagem de norte-americanos sem qualquer direito a uma subsistência decente.
Conotando a evolução imoral dos EUA com o crescimento das extremas-direitas em diversos países europeus e com a política segregacionista de Sarkozy, Sachs conclui: «O mundo deve ter cuidado. A não ser que acabemos com as horríveis tendências do dinehiro na política e do consumismo desenfreado, corremos o risco de alcançar a produtividade económica à custa da nossa humanidade.»

A FALÊNCIA MORAL DOS EUA

De entre os colunistas norte-americanos, que escrevem sobre economia, Jeffrey  Sachs é um dos mais interessantes por reflectir pontos de vista muito distintos dessa corrente neoliberal, que causou a crise financeira de há dois anos e está na origem da presente conjuntura de aperto para os mais desfavorecidos.
Num texto agora publicado no «Jornal de Negócios» ele prevê um aumento na crise moral da sociedade norte-americana por efeito da derrota dos democratas nas eleições de Novembro. Porquanto cresce a  tendência para, na maior das pseudo-democracias capitalistas se acreditar no direito a usufruírem-se de serviços públicos facultados a nível federal sem para tal se deverem pagar impostos.
Os demagogos, que agora se acoitam sob o chapéu do tenebroso «Tea Party» instilam a ideia de que pagar impostos limita uma suposta liberdade, que é verdadeira para os mais ricos, mas que é negada aos mais pobres. E, no entanto, cresce a percentagem de norte-americanos sem qualquer direito a uma subsistência decente.
Conotando a evolução imoral dos EUA com o crescimento das extremas-direitas em diversos países europeus e com a política segregacionista de Sarkozy, Sachs conclui: «O mundo deve ter cuidado. A não ser que acabemos com as horríveis tendências do dinehiro na política e do consumismo desenfreado, corremos o risco de alcançar a produtividade económica à custa da nossa humanidade.»

O DIA EM QUE AS CARPIDEIRAS SE CALARAM

Ontem o dia foi farto em boas notícias para o país: Portugal ganhou a eleição das Nações Unidas para integrar o Conselho de Segurança das Nações Unidas nos próximos dois anos. Em futebol, Paulo Bento vai no segundo triunfo consecutivo, ganhando á Islândia em Reiquiavique. No ranking da participação das mulheres no mercado do trabalho, Portugal sobe catorze posições, constituindo um dos países aonde a Igualdade de Género mais está a evoluir. E a companhia do Teatro Meridional é uma das seis distinguidas pelo Prémio Europa das Novas Realidades Teatrais num tipo de reconhecimento inédito para as artes cénicas lusas.
Como dizia Ferreira Fernandes na sua crónica matinal no «Diário de Notícias», ontem não foi seguramente um bom dia para o habitual coro de carpideiras, que tanto se entusiasmam a medinacarreirar.
***
Vida fácil não está a ter o actual presidente do PSD: hoje foram os principais banqueiros nacionais quem lhe foram transmitir o recado de se deixar de parvoíces na questão da aprovação do Orçamento para 2011.
Mas reconhece João Paulo Guerra no «Diário Económico» que «com tudo quanto disse e ameaçou, (…) queimou todas as pontes possíveis para uma retirada com dignidade. Voltar atrás é assumir que a política é uma jogatina sem regras nem moral, disputada ao sabor das conveniências.»
O seu futuro não se adivinha, pois, brilhante. É que, como dizia o Jornal de Negócios, «este Pedro, o do PSD, parece o do conto infantil, sempre a avisar do perigo do lobo, que mais tarde o acaba por comer.»
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Quem também não está com vida fácil é Nicolas Sarkozy: em vez de perderem força as greves estão a aumentar em dimensão nas ruas das principais cidades francesas.
O que constitui demonstração bastante para concluir que nenhuma boa solução de pacificação social poderá provir da direita. O ponto de viragem poderá estar a verificar-se nesta altura a nível de todo o continente...
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No Brasil quase toda a imprensa está contra Lula e contra a sua presumível sucessora, Dilma Roussef.
Na «Folha de São Paulo» constata o colunista Jânio de Freitas: «A elite brasileira é extremamente preconceituosa e há uma grande i9nfluência desse preconceito na visão da imprensa quanto ao Lula.
Aquilo que essas elites não lhe perdoam é não escamotear as suas conhecidas origens operárias.