segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Moderadamente otimista me confesso

 

Faltam três meses e meio para as eleições e, apesar de termos a experiência de quem perdeu eleições (João Soares, Fernando Medina) por estar demasiado convicto de serem “favas contadas”, estou moderadamente otimista quanto a uma nova vitória das esquerdas no dia 10 de março.

Em primeiro lugar, porque Pedro Nuno Santos é de facto um excelente candidato, bom tribuno no palanque dos discursos, capaz de unir o PS em torno do seu programa e com justificada reputação de ser capaz de fazer, sem encontrar pretexto em estudos e mais estudos para procrastinar decisões.

Depois porque, neste sábado, Luis Montenegro confirmou ser aquilo que dele já há muito sabíamos: um troca-tintas capaz de prometer mundos e fundos a quem por ele e seus comparsas foi duramente prejudicado há uma dúzia de anos, julgando que a memória é curta e esqueça o que então defendeu. Ademais, toda aquela gente, incluindo Cavaco e Ferreira Leite, comportou um cheiro a mofo demonstrativo de quão cadaveroso anda o microcosmos laranja, ciente de nada lhe valer o finado CDS e vendo a Iniciativa Liberal pôr-se a milhas para, na derrota eleitoral, surgir-lhe como alternativa modernaça, mesmo que ainda exígua. Quanto ao Chega teremos a sinistra criatura a inchar o peito como sapo ainda minúsculo, mas ainda a sonhar com a possibilidade de crescer à dimensão de um pujante vitelo.

Aprendam as esquerdas as lições da Geringonça e saibam frutificá-las em algo de higiénico. Mormente tenham em atenção o que, há um par de semanas, escrevia na «Visão» um professor do ISEG (Carlos Farinha Rodrigues): “A pobreza não é um problema dos pobres, é um problema de todos nós”. É que, como se viu agora na Argentina, há muitos pobres a votarem nos seus inimigos, julgando-os capazes de lhes trazerem a esperança, que os amigos políticos foram incapazes de lhes alimentarem.

O combate à putrefacta fação fascizóide da Assembleia da República, consegue-se com melhor qualidade de vida, garantindo soluções expeditas para os problemas na saúde, na educação e na habitação, contra os interesses de quem delas quer fazer gananciosos negócios. E isso só com politicas decisivamente progressistas se conseguirá!

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

É Carneiro quem dá sobejas razões para nele não votar!

 

1. Há muito que intuí ser incontornável o apoio a Pedro Nuno Santos, quando a questão da sucessão de António Costa se pusesse e o Partido Socialista se visse entre duas escolhas ideológicas antagónicas em relação à experiência da Geringonça. Enquanto apoiante desta última, nas suas muitas virtualidades e limitadas ambiguidades, não equacionei sequer que fosse outra a minha decisão de militante com quotas em dia.

Não esperava, porém, que o antagonista de Pedro Nuno Santos tornasse tão fácil essa ratificada intenção. Ao ouvi-lo não é a direita, que surge como seu mais óbvio adversário: pelo contrário até se dispõe a apoiar um eventual governo minoritário do PSD a pretexto de poupar aos eleitores a inserção do Chega na lógica do poder executivo. E demonizando o Bloco e o PCP como se correspondessem no outro extremo ao que André Ventura significa para a direita. Como escreve Carmo Afonso na crónica da última página do Público de hoje “José Luís Carneiro prefere apoiar e, mais do que isso, fomentar, o preconceito ignorante e por vezes mal-intencionado contra a esquerda. Não se esperaria que um candidato ao maior partido deste espectro içasse tal bandeira. A mensagem política que passa é: antes um entendimento à direita que um entendimento à esquerda.”

Resta pois combatê-lo como tratando-se de uma opção indesejável para o que deve ser o PS: um partido verdadeiramente socialista e não uma mera muleta da direita!

2. No mesmo jornal é interessante ler a análise de Ricardo Paes Mamede sobre o quanto interessa ao país a criação do famigerado centro de dados em Sines, reconhecendo tratar-se de negócio promissor para os fundos de investimentos que comandam o seu núcleo acionista, mas estará longe de criar os postos de trabalho prometidos para a região tendo em conta muitos deles virem a ser ocupados por nómadas digitais, que nem sequer viverão em Portugal. Daí o seu sábio veredito: “Com base no que se sabe, o grande centro de dados de Sines parece longe de constituir uma aposta decisiva para o nosso futuro comum. Ainda menos um motivo que justifique um envolvimento atípico das autoridades na sua promoção.”

3. Continua a confirmar-se o lastimável desempenho de Marcelo Rebelo de Sousa na crise agora despoletada pela recente investigação de alguns procuradores da República.  Agora até é desmentida a sua afirmação quanto a ter sido o primeiro-ministro a sugerir-lhe a reunião com Lucília Gago.

Dias depois de ter forçado Mário Centeno a desdizer-se a propósito do que terá feito nos dias subsequentes ao pedido de demissão do primeiro-ministro, seria legítimo exigir a Marcelo, que também viesse corrigir as suas alegações mentirosas. Mas desconfio que teremos de esperar sentados ...

domingo, 19 de novembro de 2023

As caçadeiras a mudarem de mãos

No Expresso Miguel Sousa Tavares responsabiliza Marcelo Rebelo de Sousa pela crise política, que o golpe de Estado, perpetrado por três procuradores acolitados pela respetiva chefe, despoletou: “Marcelo não o percebeu: não percebeu nem soube esperar para ver claro e entender que o que estava em causa, muito mais do que uma crise política, era, de facto, o famigerado regular funcionamento das instituições democráticas — quase a única verdadeira função presidencial.” 

Não se trata de uma isolada formulação do franco-atirador em que se converteu o colunista. São vários os comentadores, que estranham a rapidez com que Marcelo anuiu ao incontornável pedido de demissão de António Costa. Se, por uma vez, o selfieman tinha a possibilidade de cumprir competentemente as funções, que lhe foram atribuídas, falhou rotundamente. E, se o atávico antissocialismo explica facilmente essa pressa em livrar-se do mal amado governo, não deixa de ser paradoxal que a revelação dos sucessivos erros da investigação judicial venha a ser vantajosamente utilizada por Pedro Nuno Santos para lhe impor um novo governo ainda mais antipático do que lhe era o anterior...

A “competência” dos procuradores fica evidenciada nos sucessivos erros encontrados na investigação, nela faltando a substância, que quatro anos de congeminada conspiração, não encontra. Fica aberto o caminho para o PS chegar às eleições de março com o forte argumento de ter sido afastado do poder por quem nunca teve legitimidade para o pôr em causa. E a confiança de António Costa nas críticas ontem formuladas contra Marcelo e o poder judicial demonstra-o: está aberta a época da caça aos culpados deste golpe de Estado. E as caçadeiras estão agora nas mãos de quem tem sido até agora o seu alvo preferencial...

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Ai minha noza zenhora, zz, zz!!!

 

Nos protagonistas dos casos do principio de Peter há uma constante: só eles próprios não veem quão incompetentes são para o patamar de competência a que se querem ver guindados. O narcisismo é tal, que olham-se perante o espelho e questionam se existe quem possa ser mais talhado para tal destino. Não se apressando a ouvir do reflexo qualquer resposta!

A candidatura de José Luís Carneiro lá vai arregimentando apoios expectáveis como os de Augusto Santos Silva ou Fernando Medina, mas poucos creem na mínima possibilidade de vir a ser ele o próximo secretário-geral do Partido Socialista. E nem sequer estão em causa as suas ideias, em si mesmas inadequadas para as condições históricas atuais, nem com as lições colhidas durante os quatro anos da Geringonça. Basta tão só a questão do carisma!

Será que alguém sente entusiasmo ao ouvir o candidato em causa, quando ele logo lembra a figura grotesca do Diácono Remédios? Sobretudo quando, em contraponto, tem ao dispor a Motivação,  a Alegria e a Visão prometidas por Pedro Nuno Santos?

Decerto que as direitas mediáticas irão diabolizar a juventude e “radicalismo” do futuro secretário-geral do PS, mas confio que os socialistas primeiro, e a generalidade dos eleitores lusos depois, não se deixarão enganar. Porque o próximo governo tenderá a demonstrar que melhores tempos hão-de vir!!!

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

António Costa confiou em cada cromo!!!

 


1. De todas as nomeações de António Costa nos últimos sete anos e meio a de Lucília Gago terá sido, porventura, uma das mais perversas. Porque se a antecessora era viperina no comportamento ostensivamente orientado para a caça aos socialistas em geral e ao seu governo em particular, a atual titular do cargo revelou-se traiçoeira e mal agradecida para quem lhe estendeu a passadeira vermelha para um dos mais importantes cargos da arquitetura judicial do país. Que tenha avalizado o comportamento incompetente, mas perigosamente danoso para a democracia, dos três procuradores, que lançaram o golpe de estado judicial contra o governo legítimo da República, e agora nem sequer se digne a dar uma explicação sobre o sucedido, muito menos a responsabilizar-se pelo sucedido, diz tudo sobre a sua equívoca personalidade.

2. Entrevistada pelo «Público», por caber-lhe a autoria da moção com que Pedro Nuno Santos se apresentará ao Congresso, Alexandra Leitão confirma todas as boas qualidades, que dela fazem uma das grandes esperanças socialistas para o futuro do partido. E ela diz de quem apoia aquilo que sabemos ser uma das suas melhores qualidades: é “alguém que faz coisas, que quer fazer, que quer mudar as coisas”. Porque, se uma grande maioria dos socialistas, que empossarão Pedro Nuno Santos como novo secretário-geral, lhe dão entusiasmado apoio, é por saberem que ele não encomendará estudos sucessivos para adiar o que deverá ser feito. Com ele a obra nasce tão-só haja a perspetiva da sua urgência e a solidez do que se deva fazer para que tal se concretize.

3. Olhando para os apoiantes de Pedro Nuno Santos e de José Luís Carneiro é abissal a diferença entre a sua qualidade e relevância dos primeiros em relação aos segundos. A bem do Partido e do país, o futuro secretário-geral terá todas as condições para unir todos os socialistas e, depois, inspirar o eleitorado a confiar-lhe a condução do ciclo que se seguirá. E, no ano dos 50 anos da Revolução de Abril, que melhor solução para o futuro do que a consagração de quem com esse legado se identifica?

terça-feira, 14 de novembro de 2023

Exaltante e inspiradora continuidade

 

O dia treze foi aziago para as direitas, que viram o caso da suposta corrupção do governo de maioria absoluta ruir como um castelo de cartas por inacreditáveis falhas nas alegações (confusões entre quem era falado em escutas ou invocação de portaria afinal sem nexo com o que se lhe pretendia associar) e por elas carecerem de substância, que justificassem tão grande alarido. Como dizia o advogado de um dos arguidos devolvidos à liberdade a montanha não pariu um rato, mas uma formiga, confirmando-se existir um ministério público sem pejo em derrubar um governo legítimo, causar dano reputacional a quem  não merecia tão injustificada ação e, na cegueira ideológica antissocialista, mandar às malvas a estabilidade que a conjuntura internacional não recomendaria pondo em causa o investimento estrangeiro em Portugal ao dar sinal a quem a ele seja tentado que, aqui, há quem na (in)Justiça indicie como crime quem procure implementar negócios irrepreensíveis.

Se as direitas pretendiam agitar o papão da corrupção o juiz, que decidiu em desfavor de quem nem sequer chamara a colaborar a única polícia com competências para investigar os crimes económicos - a Judiciária -, veio lembrar que nem sempre há um cúmplice de Mação disposto a avalizar o que não merece nenhuma credibilidade.

Mas o dia treze foi ainda mais indigesto para as direitas, porque a apresentação da candidatura de Pedro Nuno Santos foi exaltante no conteúdo, inspiradora do entusiasmo com que a generalidade dos socialistas, militantes ou simpatizantes, se entregarão ao trabalho de o tornar no próximo primeiro-ministro de Portugal.

Assumindo como seu o legado profícuo dos quase oito anos de governo de António Costa, potenciando-o com renovadas políticas que tenham em conta os erros cometidos e os substituam por correções virtuosas, o orgulhoso filho de São João da Madeira revelou-se portador de um brilhantismo intelectual e de uma visão de futuro, que tornam pífias as medíocres reações de Montenegro, Rui Rocha e Ventura, meras formigas perante a avassaladora montanha, que se perfila no horizonte...

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma

 

Sobre a mais grave crise da história da democracia Carmo Afonso escreve mais uma crónica onde demonstra a fraqueza dos argumentos do ministério público perante os argumentos que soprou entretanto para a imprensa.

Por exemplo, que censura merece o presidente da câmara de Sines por ter procurado apoios privados para eventos culturais ou associações desportivas dos seus munícipes?

A confusão entre António Costa e o ministro da economia, imputando ao primeiro suspeitas, que caem ruidosamente pela base, põe em causa o tal parágrafo do comunicado da procuradoria-geral da República justificativa da demissão daquele. Como diz a comentadora “um primeiro-ministro eleito com maioria absoluta apresentou demissão por causa de um parágrafo que foi escrito a partir de, pelo menos, um erro”.

Se alguém recebeu contrapartidas do que consta dos indícios apresentados, Diogo Lacerda não os escondeu, declarando-as nos seus rendimentos enquanto remunerações legítimas de um trabalho regular de consultoria para a empresa agora no foco dos acontecimentos.

Há, de facto, os 78,5 mil euros de Vitor Escária, mas os procuradores incumbidos do processo não os conseguiram relacionar com as alegações sobre esta suposta “corrupção”.

Certo é o facto de necessitarmos de investimento estrangeiro e termos um ministério público decidido a fazê-lo fugir para outras paragens, onde se escuse a servir de arma de arremesso de poderes judiciais ilegítimos, por ninguém sufragados pelo voto, nem sujeitos a qualquer escrutínio, mas apostados em fazerem política a favor dos populistas da extrema-direita.

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

O medo dos que temem o reforço da esquerda no poder

 

1. Tem o seu quê de paradoxal que seja João Miguel Tavares a, na última página do «Público», defender a continuidade da maioria parlamentar socialista entregando-se a Fernando Medina a liderança do novo Executivo.

Demonstração de como os que odeiam, ou mesmo antipatizam politicamente com António Costa, temem o vórtice para que os está a arrastar a inaceitável interferência de três procuradores da República, acolitados pela respetiva chefe, no que à política só deveria dizer respeito. Porque não se acredita que, apesar da condição de funcionários públicos, desconheçam a natureza das ações de lobbying no mundo dos negócios, quando (ainda) vivemos em sistema capitalista.

Temendo que a montanha venha a parir um rato, atirando as direitas para a merecida irrelevância, Tavares e outros que tais arrepiam-se com a possibilidade de depararem com um país ainda mais governado à esquerda se Pedro Nuno Santos vier a liderar uma nova geringonça. Daí apostarem em quem, dentro do PS, lhes pareça mais fiável para quem, na sombra, os comanda como marionetas dos seus interesses.

2. José Luís Carneiro até foi um competente Secretário de Estado dos assuntos da emigração. E quanto à gestão das polícias também não há muito a dizer, de bem ou de mal, sobre a sua condução. Mas, quando se põe em bicos de pés para trazer de volta o segurismo, que as primárias de 2014 cuidaram de enterrar, é claro que temos de o dar como adversário a derrotar. Porque nunca poderemos perdoar a quem então apoiou tão entusiasticamente a tentação de se deixar embalar por Cavaco Silva para se entregar aos braços de Passos Coelho.

3. E porque não há festa nem festança sem a D. Constança, também o sebastião das direitas apareceu numa escola de Oeiras a afiançar que o Chega é um partido democrático perante a estupefação de estudantes, que lhe ouviram a barbaridade sem ilusões quanto a poderem estar perante uma piada de mau gosto. O torturador que tantas maldades fez a boa parte dos portugueses enquanto, entre 2011 e 2015, foi primeiro-ministro de má memória acredita mesmo naquilo que disse. Embora depois proibisse a difusão das imagens gravadas, que o comprovavam...

 

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

No rescaldo do golpe judicial contra o governo

 


Independentemente do que Marcelo amanhã decidir já pouco se altera nesta realidade política marcada por mais um golpe de Estado judicial sobre as instituições democráticas do país, desrespeitando-se a vontade do eleitorado que, há ano e meio, dera a maioria absoluta ao Partido Socialista.

Uma vez mais fica demonstrada a tentação dos procuradores da Rua da Escola Politécnica em fazerem tiro ao alvo ao Palácio situado do outro lado do Largo do Rato e, depois de Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues, José Sócrates, queiram atribuir a António Costa culpas que ninguém de boa fé pode acreditar virem a ser comprovadas.

Pegando em negócios integráveis na urgente orientação do país para a Economia Verde - a que se compatibilizará com as respostas a dar às alterações climáticas - os procuradores terão um caso, que poderá prolongar-se anos a fio sem em nada redundar, e ficam sob a suspeita de terem deitado abaixo um governo estável, com um balanço muito positivo no controle das contas públicas, e a fazer os possíveis por resolver os imbróglios na Saúde, na Educação e na Habitação - que nunca terão solução com possíveis alternativas à direita - para abrirem caminho a uma extrema-direita populista que, além de abaixo de medíocre na qualidade, só sobrevive à conta do caos, que procura impor com estes e outros putativos aliados.

No rescaldo deste dia 7 de novembro António Costa foi inteligente ao demitir-se quando, provavelmente, os autores do golpe desejariam mantê-lo a definhar em lume brando por conta do argumento de não justificar-se tão drástica decisão à luz do principio da presunção de inocência.

Ao colocar a resolução do problema em Marcelo, António Costa transferiu o ónus da solução em quem tanto contribuíra para o querer enfraquecer com sucessivos e insidiosos ataques a partir do palácio de Belém.

É que, sem o Orçamento aprovado e com tanta urgência em garantir as verbas do PRR, ao mesmo tempo que a direita montenegrina é o susto que se sabe, o eleitorado tenderá a confrontar-se com o horror do vazio depois da vislumbrada estabilidade animosa, a que dava sinais de possível e consolidada melhoria na qualidade de vida.

E, com uma nova e mais decidida direção até será bem possível que, contra ventos e marés, o Partido Socialista continue a ser o partido mais representado na Assembleia da República e maior facilidade de estabelecer pontes com as demais esquerdas numa renovada geringonça. 

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Cinco perguntas que sobram do fim-de-semana

 

1. Dado que as bombas israelitas matam uma criança palestiniana e ferem duas a cada dez minutos, quanto tempo levarão os aliados de Netanyahu a compreender a sua natureza intrinsecamente fascista e o propósito declaradamente nazi com o programado genocídio do povo de Gaza?

2. Depois do que disse ao embaixador palestiniano e depois quis desdizer, quanto tempo ainda demorará a complacência de tanta gente com os disparates de Marcelo Rebelo de Sousa?

3. Por quanto tempo se aguentará a crença dos que mentem repetida e descaradamente sobre o IUC em acreditarem possível arregimentarem por muito tempo quem julga ter em Ventura & C* a solução para as frustrações com uma qualidade de vida em nada coincidente com as promessas da publicidade consumista?

4. Quando ficaremos convencidos que Medina, Pizarro & C* não querem, de facto, destruir o SNS mas, ao mesmo tempo, que os médicos se tornam coerentes com o juramento de Hipócrates, que manda priorizar a vida dos doentes em relação aos seus exclusivos interesses pessoais?

5. Por quanto tempo mais aguentará a suposta unidade entre Zelensky e os chefes militares (que começa a demitir aceleradamente), quando estes confessam fraqueza à imprensa internacional e já são os aliados a proporem a perda de uma parte do suposto território ucraniano para chegar à paz com Putin?

sábado, 4 de novembro de 2023

Causa Pública, um think tank a merecer a nossa atenção

1. Em 28 de outubro decorreu o primeiro fórum de debates do Causa Pública, novo think tank apostado em agitar as hostes das esquerdas,  porque orientado para a construção de um projeto político superador da atual estratégia governativa de limitar-se a gerir o presente.

Reduzir as desigualdades contestando a ideia de reduzir a dívida a qualquer preço, antes aplicando esta na produção do futuro, é o objetivo de quem se associou a este projeto, que toma como exemplo positivo o verificado na vizinha Espanha. Pedro Sanchez tem governado em coligação com o Somar, coligação das esquerdas que lhe têm imposto o rumo aqui prometido pela Geringonça e, infaustamente interrompido por culpas de parte a parte entre um PS, que não associou os parceiros para o efetivo exercício de responsabilidades governativas e por estes últimos, que não se conseguiram curar das tendências sectárias.

Com esta nova associação há quem espere - e eu incluo-me nos que nisso a apoiarão! - ver o país a transformar-se à conta das soluções nela discutidas e propostas.

2. A propósito das inacreditáveis palavras de Marcelo ao embaixador palestiniano não faltaram reações de repúdio sobre o seu conteúdo. Porque associar o Hamas a todo o povo palestiniano e aconselhar calma a quem tantos tormentos tem passado nos anos do ocupação dos territórios ilegitimamente roubados por sucessivas hordas de colonos sionistas só pode desprestigiar quem as proferiu.

Não deixa de ser interessante a posição de Pacheco Pereira que, a tal propósito, escreveu: “Se alguém nesta situação, com as pilhas de mortos inocentes atrás, me dissesse que tenho de ser ‘cauteloso, inteligente e pacífico’, eu passava-me certamente.”

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Uma marioneta dos interesses de Washington

 

“Cemitério de crianças”, assim designou James Elder, porta-voz da Unicef, a invasão assassina do exército sionista, que está a reduzir Gaza a um monte de escombros e já matou quase dez mil pessoas, metade das quais ainda menores de idade. E se os governos ocidentais confirmaram a natureza terrorista do Hamas como reação à investida de 7 de outubro, nenhum deles associou a mesma designação ao governo de Telavive, que tem sido bem mais mortífero e não menos bárbaro.

Ainda que tímida, a posição do governo de António Costa a associar-se à interpretação dos factos por António Guterres, prima por exceção numa União Europeia, que continua a descredibilizar-se ao esquecer os seus proclamados valores democráticos para subordinar-se aos interesses norte-americanos e seus aliados no Médio Oriente.