domingo, 19 de novembro de 2023

As caçadeiras a mudarem de mãos

No Expresso Miguel Sousa Tavares responsabiliza Marcelo Rebelo de Sousa pela crise política, que o golpe de Estado, perpetrado por três procuradores acolitados pela respetiva chefe, despoletou: “Marcelo não o percebeu: não percebeu nem soube esperar para ver claro e entender que o que estava em causa, muito mais do que uma crise política, era, de facto, o famigerado regular funcionamento das instituições democráticas — quase a única verdadeira função presidencial.” 

Não se trata de uma isolada formulação do franco-atirador em que se converteu o colunista. São vários os comentadores, que estranham a rapidez com que Marcelo anuiu ao incontornável pedido de demissão de António Costa. Se, por uma vez, o selfieman tinha a possibilidade de cumprir competentemente as funções, que lhe foram atribuídas, falhou rotundamente. E, se o atávico antissocialismo explica facilmente essa pressa em livrar-se do mal amado governo, não deixa de ser paradoxal que a revelação dos sucessivos erros da investigação judicial venha a ser vantajosamente utilizada por Pedro Nuno Santos para lhe impor um novo governo ainda mais antipático do que lhe era o anterior...

A “competência” dos procuradores fica evidenciada nos sucessivos erros encontrados na investigação, nela faltando a substância, que quatro anos de congeminada conspiração, não encontra. Fica aberto o caminho para o PS chegar às eleições de março com o forte argumento de ter sido afastado do poder por quem nunca teve legitimidade para o pôr em causa. E a confiança de António Costa nas críticas ontem formuladas contra Marcelo e o poder judicial demonstra-o: está aberta a época da caça aos culpados deste golpe de Estado. E as caçadeiras estão agora nas mãos de quem tem sido até agora o seu alvo preferencial...

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