quinta-feira, 9 de novembro de 2023

O medo dos que temem o reforço da esquerda no poder

 

1. Tem o seu quê de paradoxal que seja João Miguel Tavares a, na última página do «Público», defender a continuidade da maioria parlamentar socialista entregando-se a Fernando Medina a liderança do novo Executivo.

Demonstração de como os que odeiam, ou mesmo antipatizam politicamente com António Costa, temem o vórtice para que os está a arrastar a inaceitável interferência de três procuradores da República, acolitados pela respetiva chefe, no que à política só deveria dizer respeito. Porque não se acredita que, apesar da condição de funcionários públicos, desconheçam a natureza das ações de lobbying no mundo dos negócios, quando (ainda) vivemos em sistema capitalista.

Temendo que a montanha venha a parir um rato, atirando as direitas para a merecida irrelevância, Tavares e outros que tais arrepiam-se com a possibilidade de depararem com um país ainda mais governado à esquerda se Pedro Nuno Santos vier a liderar uma nova geringonça. Daí apostarem em quem, dentro do PS, lhes pareça mais fiável para quem, na sombra, os comanda como marionetas dos seus interesses.

2. José Luís Carneiro até foi um competente Secretário de Estado dos assuntos da emigração. E quanto à gestão das polícias também não há muito a dizer, de bem ou de mal, sobre a sua condução. Mas, quando se põe em bicos de pés para trazer de volta o segurismo, que as primárias de 2014 cuidaram de enterrar, é claro que temos de o dar como adversário a derrotar. Porque nunca poderemos perdoar a quem então apoiou tão entusiasticamente a tentação de se deixar embalar por Cavaco Silva para se entregar aos braços de Passos Coelho.

3. E porque não há festa nem festança sem a D. Constança, também o sebastião das direitas apareceu numa escola de Oeiras a afiançar que o Chega é um partido democrático perante a estupefação de estudantes, que lhe ouviram a barbaridade sem ilusões quanto a poderem estar perante uma piada de mau gosto. O torturador que tantas maldades fez a boa parte dos portugueses enquanto, entre 2011 e 2015, foi primeiro-ministro de má memória acredita mesmo naquilo que disse. Embora depois proibisse a difusão das imagens gravadas, que o comprovavam...

 

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