domingo, 31 de maio de 2015

A culpa que passos coelho quer dividir com quem não a teve!

Desde que maria luís albuquerque disse, preto no branco, o que já se sabia estar na cabeça dos ideólogos da coligação no poder - era verdadeiramente um segredo de polichinelo - os cerca de 2,5 milhões de reformados e pensionistas ficaram sem qualquer dúvida quanto ao que lhes sucederá após as próximas eleições: ganhasse a direita e veriam os seus rendimentos reduzidos, ganhe o Partido Socialista e eles serão mantidos e sustidos em novas formas de financiamento da Segurança Social. Nomeadamente através do crescimento do emprego, que o novo governo promoverá com medidas ativas de dinamização da economia, tal qual estão bem discriminadas no programa eleitoral recentemente apresentado.
Mas não se dá ênfase suficiente  a uma evidência que a deputada bloquista Mariana Mortágua realçou esta semana num artigo para o «Jornal de Notícias»: quando chegou ao governo, passos coelho encontrou uma Segurança Social sem problemas de sustentabilidade graças à reforma preparada pelo ministério que a tutelava durante o governo de José Sócrates e era liderado por Vieira da Silva. Recordemos que várias entidades internacionais elogiaram nessa altura a qualidade e o arrojo da transformação operada e passível até de ser replicada noutros países a braços com o mesmo desafio.
Mas Mariana Mortágua vai mais longe: “até 2012 a Segurança Social teve saldo positivo durante 11 anos seguidos e contribuiu para o equilíbrio orçamental do Estado. O "buraco" nas contas das pensões foi o Governo que o criou com a destruição de quase meio milhão de postos de trabalho, a emigração de outros tantos e a quebra nos salários. (...)
E para disfarçar a asneira não têm qualquer pejo em cortar direitos, nem mesmo o mais básico, como a garantia que todo o trabalhador receberá no futuro a pensão para a qual descontou e nem um tostão a menos.”
Se passos coelho e a sua ministra das finanças andam alarmados com o estado de degradação a que chegaram as contas da Segurança Social só têm de se culpar exclusivamente a si mesmos. Neste caso em concreto imitam os miúdos que fazem bostada e, depois, suplicam por que outros os venham ajudar a fim de dividirem as culpas que são suas. É por isso, que estão condenados a falar sozinhos…
Mas não os podemos cingir a essa lamúria permanente: até ao dia das eleições temos de combater a berraria a que eles recorrem nos media com outra, ainda mais audível, em que fique bem denunciada a fraude contida nos seus propósitos.

sábado, 30 de maio de 2015

Grande é o afã de sabotar o caminho de quem em breve governará!

Não é que nos quatro anos de (des)governação, passos coelho tenha sido tíbio em demonstrar os tiques salazarentos, que lhe vão na alma. Tivesse ele os poderes do velho ditador de Santa Comba Dão e não veríamos comportamentos muito diferentes dos assumidos pelos comparsas da União nacional (muito embora ainda se estejam por apurar os verdadeiros e clandestinos contornos da situação de José Sócrates enquanto preso político ainda sem ilibação à vista das falsas acusações que lhe têm sido feitas!)
Mas se não se atreveu a mandar prender quem lhe denuncia as negociatas e as cumplicidades  elucidativas com  os diasloureiros bafejados por obscena fartura, não tem tido pejo algum em tudo decidir sem dar qualquer esclarecimento do seu fundamento aos portugueses, que se preparam para lhe acenar com a merecida saída de cena pela porta dos fundos.
A forma como decidiu reconduzir carlos costa no Banco de Portugal mostra bem o desprezo pelo que pensa a opinião pública para a qual aquele não se exime de ser um dos mais notórios responsáveis por tudo quanto de negativo aconteceu entretanto, quer no sistema bancário, quer na degenerescência económica do país.
Um mínimo de respeito pelo veredito já interiorizado pela generalidade da população quanto às culpas evidentes de carlos costa no caso BES, - conforme ficou demonstrado no relatório da respetiva comissão de inquérito parlamentar -, aconselharia a mudar de liderança na instituição da baixa pombalina.
Mas esse quero, posso e mando, também está presente na venda a pataco do que resta do setor público - TAP, CP Cargas, transportes públicos de Lisboa e Porto -, de forma a dificultar que os futuros governos pugnem por um Estado forte, que só com meios efetivos de intervenção na economia poderá melhorar a vida dos cidadãos.
A mais recente, e por certo, ainda não a derradeira manifestação desse autoritarismo esteve no envio para Bruxelas da posição portuguesa sobre a reforma da zona euro sem que, mais uma vez, tivesse havido debate público sobre a matéria ou a consulta ao que a tal respeito pensa o maior partido português de acordo com todas as sondagens conhecidas, mesmo as mais suspeitas.
Quase em vias de ter de fazer as malas para regressar definitivamente a Massamá, passos coelho está apostado em esgotar até ao último instante todas as possibilidades de condicionar o mais possível o trabalho de quem o irá suceder. Valerá o facto de António Costa já estar por demais habituado a receber heranças complicadas de tão armadilhadas. E de as saber reduzir a cinzas...

sexta-feira, 29 de maio de 2015

A (in)felicidade segundo passos coelho

Perplexidade, é como Nicolau Santos, classifica a afirmação de passos coelho em como não acredita na felicidade, razão porque descrê da possibilidade de haver quem a consiga trazer aos seus concidadãos.
Eu utilizaria um termo bem mais contundente para qualificar essa confissão, mas deixo-o ao critério de quem me lê. Porque o dever de qualquer governante é o de possuir uma Visão capaz de trazer uma significativa melhoria à vida de quem governa. Não se  trata de, qual frei Gabriel Malagrida que, perante o terramoto de 1755 culpou os lisboetas de todos os mais hediondos pecados e por isso terem de sofrer-lhes o castigo, imputar aos cidadãos o despesismo dos anos anteriores à vinda da troika e, agora, verem-se obrigados a empobrecer como penitência.
Se Churchill prometeu sangue, suor e lágrimas aos seus concidadãos, foi num tempo em que esse sacrifício se justificava. Nos tempos atuais assumir um discurso desse tipo só pode ser execrado por sair da mente de um fanático ideológico tão insensato quanto aquele jesuíta de má memória.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

A sombra que paira sobre a Europa

Um dos mais brilhantes filmes de Akira Kurosawa é da sua última fase e chama-se «Kagemusha».
Resumindo-o brevemente temos um clã japonês, cujo chefe respeitado morre subitamente. Ora era ele quem inspirava um enorme temor nos vizinhos, que desejariam tomar-lhe o território. Por isso, em pânico, os cortesãos arranjam um duplo suficientemente credível para que não haja a mínima dúvida quanto à preservação da relação de forças existente. Ele só terá que imitar o antigo líder, não tomando qualquer decisão.
Irá ser esse o crasso erro do chefe por substituição: quando as circunstâncias o forçam a tomar uma decisão, que será a de atacar um dos seus beligerantes, o clã precipitar-se-á na derrota definitiva.
Podemos atermo-nos a este exemplo para verificar o estado das coisas na atual União Europeia. Os líderes europeus viram rebentar a crise do subprime nos EUA e andaram feitos baratas tontas a experimentar alternativas, que lhes evitassem os efeitos das ondas de choque.
Quando os habituais detratores de José Sócrates o acusam de precipitar o país para os braços da troika querem intencionalmente ignorar o quanto essa fase de forte investimento público teve origem nas orientações de Bruxelas para que a crise não viesse incidir na zona euro.
Desde então, e por efeito dos sucessivos castelos de cartas, que começaram a cair, primeiro na Islândia, depois na Irlanda e na Grécia, e enfim em Portugal, na Espanha e em Chipre, os eurocratas sentem-se como esse duplo que ousando tomar uma decisão, terá optado pela menos avisada.
Desde então decidiram assumir uma atitude absurdamente contrária, defendendo como solução a receita neoliberal prescrita pelo FMI e pelo BCE, ambos recheados de gente vinda da banca especulativa e das universidades mais entusiasmadas com as teses de hayek e friedman.
Por isso, como se tivessem visto o filme de Kurosawa, esses eurocratas não querem sair do guião em que se julgam sentir confortáveis. As circunstâncias até vão demonstrando como essa incapacidade para saírem do «pensamento único» só vai anunciando a morte da União Europeia a médio prazo. Mas metem a cabeça na areia e recusam-se a olhar para a realidade.
Ousar novas soluções como as que propõem Paul Krugman ou Joseph Stiglitz, secundando as propostas do Syriza, não lhes passa pela cabeça. Não é só paralisado das pernas que um schäuble, aparente guru de muitos desses eurocratas, se revela: é, sobretudo, na mente que essa paralisia se sente.
Julgam-se kagemushas e não arriscam estratégias proactivas, temendo que o céu lhes tombe sobre a cabeça. É por isso que, por razões opostas, tudo farão para boicotar as estratégias de david cameron ou Alexis Tsipras. Porque estão atemorizados com os efeitos de qualquer mudança, seja ela a saída do Reino Unido da União, seja o abandono das receitas austeritárias.
Os eurocratas de Bruxelas são um corpo balofo e cheio de artroses, que já chegaram ao fim do seu prazo de validade. Por isso ou novos dirigentes tomam conta das políticas dos respetivos países e forçam uma verdadeira revolução nas estruturas europeias ou elas afundar-se-ão por efeito da sua inércia de absurdo repouso.

O ranking dos que (quase) me fazem vomitar!

No ranking dos cêdêesses insuportáveis - aqueles que me levam a fazer zapping com a máxima rapidez sob pena de não conseguir conter o vómito!, - julgava imbatíveis nuno melo, paulo portas e pires de lima. Mas, nos últimos tempos, cecília meireles está a revelar-se uma competidora forte, com grandes possibilidades de desalojar os dois últimos e ameaçar a liderança do dandy famalicense. Cada vez que a vejo na televisão concluo quanto competitiva está a revelar-se em tão execrável competição.
É que já irrita o ar convencido com que diz as maiores barbaridades. Por exemplo ontem mostrou-se muito agastada com o Partido Socialista por causa dos 600 milhões de euros, que ela própria aprovou no PEC enviado para Bruxelas. Se sabe bem demais o que significa essa verba prometida a Bruxelas como constituindo redução da despesa na Segurança Social, porquê mostrar-se tão virginalmente ofendida com a sua denuncia? É que, sem jeito para atriz, nem a voz consegue disfarçar o incómodo de se ver desmascarada na praça pública. Sobretudo, quando à beira das eleições, ainda daria tanto jeito explorar a tecla do «partido dos velhinhos»...

A incontornável vocação de um pau mandado

Ao fim de 32 anos balsemão fartou-se de pertencer ao seleto clube de Bilderberg, conhecido por condicionar a política a nível global de forma a maximizar os proveitos dos oligopólios. E para seu sucessor escolheu esse exemplo maior de «homem sem qualidades», que é durão barroso.
Será sempre um mistério sem explicação o do percurso político do antigo maoísta, rapidamente convertido num fervoroso neoliberal. A menos que aquela lenda sobre infiltrações da CIA no MRPP no pós-25 de abril não seja tão descabida quanto parecia...
Mas durão nem para tosco alfaiate do Panamá ao jeito de Le Carré serviria. A sua vocação sempre foi a de servir de mordomo aos encontros dos tunantes ou de moço de fretes aos que quiseram dar cabo do sonho europeu dos pais fundadores da União para a transformar na caricatura trágica em que se está a reconfigurar.
Que função será a do novo conviva nesse seleto encontro? Ele próprio a desconhecerá, mas quando lha indicarem - por exemplo vir candidatar-se à presidência em 2021 - não deixará de se mostrar prestimoso a cumpri-la. É essa a vocação dos «paus mandados»!

Leixões como porta de entrada de atividades criminosas

A Greenpeace denunciou que o porto de Leixões é a segunda mais importante porta de entrada da madeira ilegal abatida na República Democrática do Congo e tendo a Europa como destino.
Infelizmente, durante anos, os navios de cuja tripulação fiz parte transportaram toneladas de madeira a partir de Ponta Negra para os portos europeus (já então Leixões era um deles!) ou asiáticos.
Nessa altura era um dó ver troncos de árvores, outrora majestosas, e cujo diâmetro excedia a minha altura, acabarem estivadas nos porões ou no convés do navio para virem a ser transformadas em mobiliário anónimo e sem alma.
Não tenho meio de saber se muita dessa madeira era legalmente extraída ou não, mas essa nem é uma questão determinante quanto ao essencial: proviessem ou não de concessões legais, significava uma sangria terrível nas florestas africanas, com impactos ambientais irreversíveis, que incluem o desaparecimento de espécies animais próximas da extinção.
No caso da República Democrática do Congo estão em risco de desaparecer os bonobos, também conhecidos por chimpanzés-pigmeus, a espécie de primata mais próxima do homem e que só se encontra naquele país.
É por isso que faz falta em Portugal uma verdadeira força política com sensibilidade ambiental (não é essa excrescência do PCP, que se autocrismou de Verdes), capaz de garantir a regulamentação de uma vigilância ativa do tipo de mercadorias chegadas aos nossos portos e que possam estar ligadas a atividades criminosas.

A Oeste nada de novo (por enquanto)

Seis meses depois de ter  sido encarcerado em Évora, sem provas que justificassem tal infâmia, José Sócrates voltou a Lisboa para ser ouvido por dois procuradores incumbidos do processo.
Significará tal audição o sinal da iminente mudança das medidas de coação como sucedeu com Carlos Santos Silva? Não sabemos! Mas fiquemos esclarecidos: não é com a detenção domiciliária, que considerará haver tratamento mais justo para  quem  dela tem sofrido tão soez ataque.
Reitero a convicção, que nenhum pasquim matinal consegue dissuadir: apesar das teorias sórdidas, que os dâmasos & Cª têm procurado disseminar, nenhuma prova conforta as suspeitas da acusação.
Bem têm os rosários teixeiras procurado por mundos e fundos, que não se revelam capazes de mostrar algo de concreto com que comprovem as tortuosas suspeitas.
A decisão de prender sem provas para investigar o que não existe ficará doravante como a mais nefanda demonstração de ataque ao direito de qualquer cidadão ao bom nome e à presunção de inocência desde que supostamente acabaram as praticas tenebrosas dos juízes do antigo Tribunal da Boa Hora.
Para muitos milhares de portugueses, que acreditam na inocência de José Sócrates e o veem como um dos mais brilhantes políticos da história democrática, mantêm-se as certezas: depois de ser definitivamente ilibado de tudo quanto o acusam, exige-se um cabal esclarecimento das obscuras razões que estiveram na origem de toda este caso e de quem o congeminou e executou. Em definitivo, a culpa não pode morrer solteira.