Sempre fui contra a revisão da lei eleitoral para os chamados círculos uninominais que tanto entusiasmam alguns socialistas a pretexto de, assim, se garantir uma maior ligação entre eleitores e eleitos.
Embora não seja perfeito na garantia de uma representatividade de acordo com a vontade do eleitorado - como aconteceria se estivesse em aplicação uma metodologia estritamente proporcional num único círculo nacional - o que é garantido pelo concebido por Hondt tem-se revelado muito satisfatório nos quarenta e um anos de democracia.
E, se faltassem provas quanto à iniquidade dos tão desejados círculos uninominais aí estão os resultados das eleições inglesas a demonstrá-lo: com mais meio ponto percentual, que nas eleições anteriores, os conservadores obtiveram mais 26 deputados, enquanto a subida de 1,5% dos trabalhistas equivaleu à perda de 25 deputados. E o UKIP só conseguiu 1 deputado apesar de contar com 13% dos votos britânicos.
Por isso não se tratou da vitória avassaladora de que falam os jornais e as televisões: com 37% dos votos, os conservadores conseguem uma ilegítima maioria absoluta, porquanto ela está longe de constituir a verdadeira vontade do eleitorado. Por isso não surpreende que já se tenham verificado manifestações contra um futuro governo que possuirá a seu favor a legalidade do sistema instituído, mas detestado pela maioria dos eleitores.
Se na Inglaterra de cameron o agravamento de um autêntico apartheid social entre os mais favorecidos e os que andam a ser empurrados para guetos nas periferias das grandes cidades ainda não suscitou a proliferação de graves situações de violência, elas não deixam de ser previsíveis a curto prazo.
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