A razão porque sempre desconfiei da suposta interligação entre a liberdade de imprensa e a privatização de todos os media está bem à vista na forma como as diversas televisões generalistas têm agido nas últimas semanas, tudo fazendo para valorizar o discurso dos partidos do governo em detrimento do Partido Socialista.
Sejam jornais, rádios ou televisões, o facto de serem detidos por grupos económicos apostados em impor as suas próprias agendas, tende a distorcer a forma como a informação é tratada e emitida, procurando declaradamente, ou por omissão, valorizar quem melhor sirva os lobbies em causa.
Já nem sequer é apenas o facto de, através de morais sarmento, marques mendes ou marcelo rebelo de sousa só existirem comentadores políticos do PSD a perorarem nos telejornais. É também a forma como as entrevistas são conduzidas de forma a serem orientadas para o tipo de “conclusões” que mais interessa inocular no subconsciente coletivo.
Durante semanas a fio Ana Lourenço andou na Sic Notícias a empolar o facto de António Costa “não ter quaisquer propostas” para os problemas mais relevantes do país. Paulo Magalhães, na TVI 24 procura sabotar a análise de Augusto Santos Silva contrariando-a com a propaganda mentirosa do governo. Ainda hoje, na RTP1, José Adelino Faria afirmava que, na Assembleia da República, o ministro mota soares terá colocado perguntas ao PS sobre a segurança social, que teriam ficado sem resposta, quando, pelo contrário, a deputada Isabel Soares lha deu de forma bastante mordaz. E que dizer das buscas da Polícia Judiciária em vários organismos públicos de todo o país, que parecem orientar-se no sentido da suspeição de pessoas ligadas a miguel macedo e a paulo núncio e que quiseram transformar em mais um episódio da infâmia em curso contra José Sócrates?
Na tentativa de multiplicar obstáculos à caminhada vitoriosa do Partido Socialista até à vitória multiplicam-se as mentiras a fim de levar os eleitores a confundirem-se com os sinais dados pela realidade e iludirem-se com as mistificações segundo as quais a recessão acabou, o crescimento económico é pujante e sustentado e o desemprego um problema a em rápida resolução.
Por tudo isso tenho saudades do tempo em que existia um semanário com a qualidade de «O Jornal», cuja propriedade era dos seus jornalistas, ou um noticiário televisivo como o da RTP2, quando aí eram pivots Mega Ferreira e José Júdice.
Na impossibilidade de fazer o tempo voltar a esse passado, só podemos exigir que a RTP não seja privatizada - como miguel relvas quase conseguiu impor - e ela se torne na garantia de um tipo de informação fiável, desgovernamentalizada e reputada. E que se dê poder a um órgão regulador bem mais consequente do que o que faz de conta que existe que fica impávido e sereno a ver constantemente violados os preceitos do código deontológico dos jornalistas em pasquins que fazem da manipulação das consciências a sua vocação...
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