Bastou ausentar-me uns dias do país e eis que o encontro virado do avesso numa das principais facetas com que o havia deixado. A de quem está a comandar a agenda política.
Não é que me surpreenda: aos amigos que desesperavam com a aparente falta de novidade no discurso do Partido Socialista já recomendara calma, porque António Costa sabia bem o que estava a preparar. E a apresentação do Relatório macroeconómico, ainda formalizada antes de demandar alhures, já prenunciava o que depois se passou: uma direita em pânico por ver desarmada a argumentação em torno da mistificada “pesada herança de 2011” e a sua incapacidade para produzir em tempo útil um documento com o mesmo rigor e profundidade.
Muito embora passos coelho e paulo portas procurem capitalizar a seu favor o que vem acontecendo com os pilotos da TAP - cuja derrota muito lhes conviria nesta altura, porventura esperançados da repetição do efeito conseguido por margaret thatcher quando partiu a espinha ao movimento sindical dos mineiros ingleses há trinta anos! - toda a agitação dos últimos dias tem a ver com a fácil comparação entre os objetivos propostos no documento apresentado a António Costa por um conjunto de reputados economistas com os que constam do PEC entretanto enviado por maria luís albuquerque para Bruxelas.
Em poucos dias não só acabaram as ilusões de alguns dirigentes do PSD quanto a poderem ir sozinhos às eleições para se baterem de igual para igual com o PS, como já passos se compromete com uma repetição do discurso mentiroso de 2011, dando como descartável o referido PEC e planeando avançar com a redução, ou mesmo eliminação, da sobretaxa do IRS em data próxima do início oficial da campanha eleitoral.
Mas a revelação mais explicita desse susto em que a direita se encontra foi a da exigência do inefável marco antónio para que o documento do PS fosse auditado pela UTAO e pelo Conselho Superior de Finanças Públicas.
Reconhecendo a incompetência para analisar o documento técnico do PS, a direita sonha com a hipótese desses dois órgãos o desqualificarem. O que levou João Galamba a interpretar o que se estava a passar de forma contundente: “Para o PSD, o PS já é Governo e este documento já é o Orçamento do Estado. (…) Só gostava que a maioria detalhasse as suas propostas, calculasse os seus impactos, coisa que até agora ainda não fez!.”
Também não surpreende que um dos principais críticos do Relatório em causa tenha sido Arménio Carlos, considerando haver aí medidas mais gravosas para quem trabalha do que as propostas do PSD e do CDS. A mentira mais despudorada não se acolhe, pois, só do lado da ainda maioria...
São tantas as “cooperações” entre o PCP e a direita contra o PS, que pode-se concluir pela justeza do que dizem os franceses: “Les beaux esprits se rencontrent!”
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