Os jornais e as televisões ainda procuraram explorar as eleições espanholas como tendo significado uma vitória da direita de rajoy, mas a farsa não durou muito tempo.
Os resultados das eleições municipais e autonómicas do passado domingo traduziram-se por uma enorme derrota do PP, que perdeu a grande maioria dos 3 milhões de eleitores, que deixaram de votar nos partidos tradicionais para optarem pelos que são tidos como “emergentes”.
O PSOE, mesmo que perdendo meio milhão de eleitores, conseguiu resistir razoavelmente ao fenómeno e até é tido como o mais desejado para as convergências necessárias à formação dos diversos governos regionais, que passará obviamente a liderar. Doravante a direção do partido só terá de cumprir o que dela se espera: abrir-se a esses movimentos, com que formará coligações, de forma a congrega-los em si, fortalecendo-se. De certa forma uma reedição do sucedido na História da democracia portuguesa em que movimentos à esquerda do PS, como o MES ou a UEDS, se lhe vieram a juntar, trazendo novas ideias e futuros dirigentes com que aquele muito ganhou.
A renovação socialista e social-democrata passa precisamente por aí: atrair a si quem mostra rasgo para propor novas soluções de esquerda, que escapem às já cristalizadas, e por isso mesmo declaradas com prazo de validade ultrapassado.
Os resultados de domingo transato significaram, igualmente, o fracasso da estratégia da direita europeia em cortar cerce ao Syriza qualquer veleidade quanto a ser bem sucedido para impedir a derrota humilhante do PP espanhol. Muito embora os gregos estejam a pagar os custos de tais manobras, os seus algozes também estão longe de se poderem declarar satisfeitos com o que congeminaram .
Perante uma direita incapaz de reconhecer o fracasso das políticas austeritárias aplicadas nos últimos anos, só as esquerdas lideradas pelos partidos da Internacional Socialista estarão em condições de cumprir o desígnio de uma mudança efetiva na vida dos europeus. Deverão para isso adiantar-se aos acontecimentos e abandonar a postura reativa, que têm assumido, propondo soluções convincentes e exequíveis para que as pessoas voltem a estar no fulcro das preocupações de quem governa.
Assim acontecerá em Portugal com António Costa a levar por diante o projeto visionário contido na Agenda para a Década. E tem sido, com notável inteligência, que vem gerindo este período de pré-campanha em que só se fala das propostas do Partido Socialista, já que as da coligação de direita sabe-se bem demais no que consistirão: cortes, cortes … e mais cortes em tudo quanto cheire a Estado Social!
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