No ano em que eu nasci, 1956, Don Siegel assinou um dos mais inquietantes filmes de ficção científica: «Invasion of the Body Snatchers».
A história era a da progressiva possessão dos habitantes de uma pequena cidade norte-americana por alienígenas, que a partir de estranhas vagens, ocupavam-lhes os corpos enquanto dormiam.
O filme, inserido na lógica anticomunista, que grassava numa América ainda longe de se curar do macartismo, ajusta-se igualmente aos nossos dias, a levarmos em conta as palavras ditas esta semana por João Cravinho numa intervenção no ISCTE. Segundo Nicolau Santos, que deu delas conta na sua crónica semanal no caderno de Economia do «Expresso», passos coelho terá conseguido uma vitória ideológica ao mudar-nos a alma: “hoje estamos mais descarnados, mais descrentes, mais tementes à mudança. Interiorizámos as culpas pela crise. A nossa matriz judaico-cristã leva-nos a assumir que foi o nosso pecado de luxúria consumista que nos conduziu ao pedido de ajuda internacional.”
Vemos, ouvimos e lemos o que se passa à nossa volta e é forçoso reconhecer que uma parte muito significativa dos nossos concidadãos estão “possuídos” pela mistificação de passos coelho, que conta para tal com o beneplácito de grande parte da comunicação social .
Quando a direita se insurgia com as tíbias intenções de José Sócrates em conseguir alguma influência na TVI, logo vozes múltiplas se insurgiram em defesa da inenarrável e horrenda figura, que ali contra ele perorava constantemente, como se então vivêssemos à beira de uma ditadura castradora da liberdade de imprensa e de expressão.
Quem é que, hoje se insurge contra a estratégia goebbelsiana dessa direita, que multiplica mil vezes as mesmas mentiras para ver se elas se mantém coladas nessas almas alienadas.
No filme, que aqui recordei, não havia espaço para o happy end. Esperemos que a realidade contrarie essa ficção e, a partir de outubro, essa efémera vitória ideológica dê lugar à sua determinante derrota.
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