1. Há muito que intuí ser incontornável o apoio a Pedro Nuno Santos, quando a questão da sucessão de António Costa se pusesse e o Partido Socialista se visse entre duas escolhas ideológicas antagónicas em relação à experiência da Geringonça. Enquanto apoiante desta última, nas suas muitas virtualidades e limitadas ambiguidades, não equacionei sequer que fosse outra a minha decisão de militante com quotas em dia.
Não esperava, porém, que o antagonista de Pedro Nuno Santos tornasse tão fácil essa ratificada intenção. Ao ouvi-lo não é a direita, que surge como seu mais óbvio adversário: pelo contrário até se dispõe a apoiar um eventual governo minoritário do PSD a pretexto de poupar aos eleitores a inserção do Chega na lógica do poder executivo. E demonizando o Bloco e o PCP como se correspondessem no outro extremo ao que André Ventura significa para a direita. Como escreve Carmo Afonso na crónica da última página do Público de hoje “José Luís Carneiro prefere apoiar e, mais do que isso, fomentar, o preconceito ignorante e por vezes mal-intencionado contra a esquerda. Não se esperaria que um candidato ao maior partido deste espectro içasse tal bandeira. A mensagem política que passa é: antes um entendimento à direita que um entendimento à esquerda.”
Resta pois combatê-lo como tratando-se de uma opção indesejável para o que deve ser o PS: um partido verdadeiramente socialista e não uma mera muleta da direita!
2. No mesmo jornal é interessante ler a análise de Ricardo Paes Mamede sobre o quanto interessa ao país a criação do famigerado centro de dados em Sines, reconhecendo tratar-se de negócio promissor para os fundos de investimentos que comandam o seu núcleo acionista, mas estará longe de criar os postos de trabalho prometidos para a região tendo em conta muitos deles virem a ser ocupados por nómadas digitais, que nem sequer viverão em Portugal. Daí o seu sábio veredito: “Com base no que se sabe, o grande centro de dados de Sines parece longe de constituir uma aposta decisiva para o nosso futuro comum. Ainda menos um motivo que justifique um envolvimento atípico das autoridades na sua promoção.”
3. Continua a confirmar-se o lastimável desempenho de Marcelo Rebelo de Sousa na crise agora despoletada pela recente investigação de alguns procuradores da República. Agora até é desmentida a sua afirmação quanto a ter sido o primeiro-ministro a sugerir-lhe a reunião com Lucília Gago.
Dias depois de ter forçado Mário Centeno a desdizer-se a propósito do que terá feito nos dias subsequentes ao pedido de demissão do primeiro-ministro, seria legítimo exigir a Marcelo, que também viesse corrigir as suas alegações mentirosas. Mas desconfio que teremos de esperar sentados ...
Se eu fosse militante do PS votaria Pedro Nuno Santos PNS), sem qualquer hesitação. Como não sou, confesso que não tenho tanta certeza se merecerá o meu voto, caso vença as eleições internas. Por duas razões: 1 - declarou o seu desinteresse pela discussão do papel da justiça no mau funcionamento do Estado de Direito Democrático, isto a propósito de mais um desmando do Ministério Público; ou seja, propõe-se continuar a alimentar a arenga de "à justiça o que é da justiça e à política o que é da política"; 2 - suspeito - por nunca lhe ter ouvido qualquer opinião - que a sua posição quanto à guerra na Ucrânia e na Faixa de Gaza, acompanha todo o fanatismo que o seu partido tem revelado sobre a questão, demitindo-se de exigir a PAZ. Espero estar errado!
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