segunda-feira, 20 de novembro de 2023

É Carneiro quem dá sobejas razões para nele não votar!

 

1. Há muito que intuí ser incontornável o apoio a Pedro Nuno Santos, quando a questão da sucessão de António Costa se pusesse e o Partido Socialista se visse entre duas escolhas ideológicas antagónicas em relação à experiência da Geringonça. Enquanto apoiante desta última, nas suas muitas virtualidades e limitadas ambiguidades, não equacionei sequer que fosse outra a minha decisão de militante com quotas em dia.

Não esperava, porém, que o antagonista de Pedro Nuno Santos tornasse tão fácil essa ratificada intenção. Ao ouvi-lo não é a direita, que surge como seu mais óbvio adversário: pelo contrário até se dispõe a apoiar um eventual governo minoritário do PSD a pretexto de poupar aos eleitores a inserção do Chega na lógica do poder executivo. E demonizando o Bloco e o PCP como se correspondessem no outro extremo ao que André Ventura significa para a direita. Como escreve Carmo Afonso na crónica da última página do Público de hoje “José Luís Carneiro prefere apoiar e, mais do que isso, fomentar, o preconceito ignorante e por vezes mal-intencionado contra a esquerda. Não se esperaria que um candidato ao maior partido deste espectro içasse tal bandeira. A mensagem política que passa é: antes um entendimento à direita que um entendimento à esquerda.”

Resta pois combatê-lo como tratando-se de uma opção indesejável para o que deve ser o PS: um partido verdadeiramente socialista e não uma mera muleta da direita!

2. No mesmo jornal é interessante ler a análise de Ricardo Paes Mamede sobre o quanto interessa ao país a criação do famigerado centro de dados em Sines, reconhecendo tratar-se de negócio promissor para os fundos de investimentos que comandam o seu núcleo acionista, mas estará longe de criar os postos de trabalho prometidos para a região tendo em conta muitos deles virem a ser ocupados por nómadas digitais, que nem sequer viverão em Portugal. Daí o seu sábio veredito: “Com base no que se sabe, o grande centro de dados de Sines parece longe de constituir uma aposta decisiva para o nosso futuro comum. Ainda menos um motivo que justifique um envolvimento atípico das autoridades na sua promoção.”

3. Continua a confirmar-se o lastimável desempenho de Marcelo Rebelo de Sousa na crise agora despoletada pela recente investigação de alguns procuradores da República.  Agora até é desmentida a sua afirmação quanto a ter sido o primeiro-ministro a sugerir-lhe a reunião com Lucília Gago.

Dias depois de ter forçado Mário Centeno a desdizer-se a propósito do que terá feito nos dias subsequentes ao pedido de demissão do primeiro-ministro, seria legítimo exigir a Marcelo, que também viesse corrigir as suas alegações mentirosas. Mas desconfio que teremos de esperar sentados ...

1 comentário:

  1. Se eu fosse militante do PS votaria Pedro Nuno Santos PNS), sem qualquer hesitação. Como não sou, confesso que não tenho tanta certeza se merecerá o meu voto, caso vença as eleições internas. Por duas razões: 1 - declarou o seu desinteresse pela discussão do papel da justiça no mau funcionamento do Estado de Direito Democrático, isto a propósito de mais um desmando do Ministério Público; ou seja, propõe-se continuar a alimentar a arenga de "à justiça o que é da justiça e à política o que é da política"; 2 - suspeito - por nunca lhe ter ouvido qualquer opinião - que a sua posição quanto à guerra na Ucrânia e na Faixa de Gaza, acompanha todo o fanatismo que o seu partido tem revelado sobre a questão, demitindo-se de exigir a PAZ. Espero estar errado!

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