quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A PROPÓSITO DE UMA PETIÇÃO

No fim de semana transacto apareceuuma  proposta na minha caixa de correio electrónico a propore a assinatura de uma petição destinada a solicitar o julgamento dos governantes, que têm atirado o país para a difícil situação em que se encontra.
Para escândalo de alguns a minha posição foi simples: quem deveria ir preso era quem teria tido a ideia de tal petição. Porque corresponde a uma hedionda manifestação do fascismo mais troglodita.
Vejamos porquê. Em primeiro lugar a classe política é extremamente mal paga em Portugal. Condicionados por demagogos, que sempre defendem a equivalência entre o exercício do poder político com corrupção e com «tachos», os portugueses têm anuído sem inteligência à condenação de terem geralmente por governantes os menos capazes, aqueles que não teriam grandes hipóteses na economia privada. Muito embora também haja quem ande na política a perder muito dinheiro, apenas porque a considera com a dimensão cívica, que deve ter: a de uma actividade nobre ao serviço dos concidadãos.
Assim, se estão assim tão insatisfeitos com os políticos, porque é que tais peticionários não se dispõem, antes, a propor remunerações suficientemente atraentes para que encontrem a comandar a nau portuguesa, quem ponderaria substantivamente pelas vantagens de gerar lucros nos grupos económicos privados ou em criar estratégias vencedoras para o grande colectivo nacional?
Mas outra característica é própria de tais peticionários: por natureza são os primeiros a criticar quem se esfalfa a encontrar caminhos possíveis no meio desta globalizada tempestade de todo o sistema capitalista e os menos dispostos a perderem noites e fins-de-semana em actividades de militância, em que pudessem demonstrar um espírito construtivo em vez da vil maledicência.
Talvez na maioria dos casos não tenham consciência de como andam a aquecer esse ovo da serpente, que bem gostaria de voltar a pisar os portugueses por mais quarenta oito ou mais anos…
É que o fascismo está aí bem presente no discurso idiota, mas perigoso, dos taxistas ou dos frequentadores dos fóruns televisivos ou radiofónicos.
Gente inepta, que nunca se dispôs a mexer um músculo por uma causa nobre e só procura exercer o direito ilegítimo a uma crítica sem substância...

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