quinta-feira, 28 de outubro de 2010

UM SILVA COMO PARADIGMA DE UM PAÍS NO DIMINUTIVO

De esquerda ou de direita nenhum dos colunistas dos vários jornais hoje lidos diz uma linha de louvor ao discurso de Cavaco Silva a propósito da sua recandidatura a Belém.
Um insuspeito Miguel Gaspar diz no «Público», que Cavaco Silva (…) vai ser o candidato das paredes vazias. (…) Sem uma ideia, porque é no vazio que está o segredo para chegar a todos os eleitores, de esquerda ou de direita.
Que o sujeito não tem  consistência, há muito que se sabe. Investido de um poder, que nunca mereceu, soube cuidar de uma imagem pessoal com laivos de salazarismo. Estimulando uma arte de ser português feita de mesquinhez e de intriga, que se revelou particularmente evidente no nunca por demais recordado episódio das escutas.
Se a alma lusa consegue, amiúde, alguns laivos de grandeza, nos seus intervalos compraz-se com uma mediocridade tacanha de que o filho do antigo gasolineiro de Boliqueime é exemplo lapidar.
Não admira que tenha por seguidores tanta gente minúscula, mas igualmente convencida  de excepcionalidade no talento. Como essa Joana Carneiro, promovida a maestrina saltitante de palcos condescendentes, ou a fadista Katia Guerreiro, que ninguém ousa comparar a outras vozes bem mais dotadas do género. Ou um João Lobo Antunes, irmão do invejoso de serviço nas letras nacionais. Ou uma Eunice, que ficou endeusada por uma certa intelectualidade enquanto permaneceu como companheira de estrada dos comunistas e cuidou de usufruir desse estatuto, quando se virou oportunistamente para a direita.
É claro que a inteligência, a criatividade, a inovação, distribuem-se pelas candidaturas da esquerda.  Que tiveram de se dividir por diversos candidatos para albergarem devidamente quem, efectivamente, conta neste país. Ou devia contar, claro...


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