As negociações entre o Governo e o PSD para viabilizar o Orçamento para 2011 estão a decorrer, mas já estamos bem cientes do advento de tempos difíceis. Com este Governo ou com o dos seus opositores directos o resultado traduzir-se-ia sempre num violento apertar do cinto. Sem se questionar o que causou esta crise, mormente se o tão incensado capitalismo ainda é capaz de dar resposta satisfatória ao desejo colectivo de uma vida mais compensadora.
Até os mais insuspeitos colunistas de jornal antevêem violentas tempestades futuras.
Outro colunista nada conotado com o Governo também constata: lidamos muito mal com a responsabilidade, mas enfrentamos muito bem a fatalidade. Razão para culparmos a situação actual em função da crise internacional, sem nos atermos às nossas próprias fragilidades em tudo quanto agora ameaça desabar sobre as nossas cabeças.
O pacote de medidas é, de facto, muito violento, sem suscitar maior reacção, que o de um dia de greve geral para meados do mês que vem. Mas, desconfiemos da aparente acalmia com que vivemos. Como dizia Miguel de Unamuno o povo português tem, como o galego, fama de ser um povo sofrido e resignado, que tudo suporta sem protestar, a não ser passivamente. E, no entanto, há que ter cuidado com os povos como esses. A ira mais terrível é a dos mansos. E como se diz num dos blogues mais interessantes: quando se luta nem sempre se ganha, mas quando não se luta perde-se sempre.
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