Não é frequente, mas ontem até gostei do que disse o secretário-geral do Partido Socialista, quando instado a comentar mais uma “descida” da taxa de desemprego em Portugal: nas suas palavras ainda “está por provar esta nova teoria económica em que um país em recessão criou emprego líquido”.
De facto, embora a saibamos sujeita a muitas condicionantes nem sempre previsíveis, a Economia ainda é suficientemente científica para que o absurdo não seja um dos seus resultados admissíveis. Ora, numa conjuntura de redução drástica do investimento público, da preferência dos bancos pelas apostas especulativas do que no financiamento às empresas e com todas as ameaças ao consumo interno pelos cortes já implementados e prometidos nos rendimentos das famílias, qualquer indicador positivo terá de ser visto com muita prudência. Porque não é difícil supor que todas as manobras andam a ser tomadas pelo governo e pelos seus homens de mão para criarem formas de adulteração dos dados estatísticos.
Ao «Público» um analista respeitado como o é Francisco Madelino é taxativo: “Desde o segundo trimestre de 2011, Portugal tem mais 138 mil desempregados, mas destruiu 513 mil empregos. A explicação destes 377 mil de diferença está sobretudo na emigração.” Sem esquecer que, “adicionalmente, os novos empregos criados são desqualificados e com salários mais baixos, agravando o pessimismo e o desespero nacionais.”
Para qualquer observador atento do que se passa à sua volta, o otimismo do governo choca estrondosamente com o que a realidade vai mostrando.
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