domingo, 9 de fevereiro de 2014

POLÍTICA: referendos e Democracia não são propriamente a mesma coisa!

O resultado do referendo através do qual os suíços acabam de impor restrições à emigração constitui um bom exemplo do que esse tipo de instituição pode significar enquanto perversão do que significa a democracia.
Se relacionarmos este referendo - em que a generalidade dos partidos, todos os sindicatos e organizações patronais apelavam ao voto contrário - com a batota do psd a respeito da co-adoção e o que  tem sido a intervenção sucessiva do novo patriarca de Lisboa a respeito da atitude a tomar para com as minorias, temos a demonstração eloquente de como o referendo anda a ser uma arma política ao serviço da direita mais extremista.
É que não é difícil levar a maioria dos eleitores a votar de acordo com os seus preconceitos mais primários e a imporem políticas que irão a contracorrente dos seus interesses.
Porque se virmos os resultados das eleições segundo os cantões, verificamos que foram os mais dedicados à agricultura, a votarem contra os emigrantes. Ou seja nos cantões onde a percentagem desses emigrantes é menor e onde os supostos efeitos negativos a eles associados pela extrema-direita - o desemprego (que na Suiça é de 3%), a insegurança ou a carestia de vida - menos seriam sentidos.
Não esqueçamos que Hitler chegou ao poder através de eleições e que as votações no cds enquanto partido dos contribuintes, dos feirantes ou dos agricultores só se explicam pelo discurso populista do Paulinho das feiras. Um discurso que, a respeito das telas de Miró, passos coelho tenta imitar ao dividir o país entre uma minoria de intelectuais, que se «julgam donos do país» e a maioria sujeita aos sacrifícios causados pelo tal «despesismo socialista».
Quando o poder adota o discurso dos taxistas está aberta a via para a ditadura mais ignóbil. Mesmo que validada por maiorias referendárias. Porque a Democracia deve levar em conta a instituição do voto universal, mas está longe de se esgotar nessa via. E, normalmente, o progresso até decorre de quem, no poder, não receia evoluir muito para além do que o conservadorismo atávico das turbas pressuporia.




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