Prossegue a campanha publicitária, que pretende demonstrar a racionalidade do absurdo: que passos coelho, paulo portas e a sua trupe governam em vez de desgovernar este país à deriva. Por exemplo o foguetório em torno da ida aos mercados para vender 3 milhões de euros de títulos da dívida sem esclarecerem dois aspetos essenciais:
(1) esses títulos substituem outros entretanto pagos. Qual era o juro desses títulos, que chegaram agora ao seu termo de validade? Quanto aumentam assim os juros pagos anualmente?
(2) onde pensa a equipa governamental conseguir crescimentos próximos ou superiores a esses 5,1% para que, em vez de diminuir em relação ao PIB, a dívida soberana continue a crescer?
Ontem a festança tinha ocorrido ao som dos indicadores do INE sobre as exportações das mercadorias, que teriam atingido os 4,6%. Mas quase não se ouviu quem alertou para alguns factos comprometedores:
(1) o combustível refinado na nova unidade de Sines contribuiu com 55% para esse crescimento que, de outro modo, teria ficado por meros 2,1%;
(2) se contássemos com o quanto se gastou em importação de combustíveis para os exportar já refinados a correção do défice da balança comercial nesse item desceria dos 1600 milhões de euros para uns irrisórios 50 milhões;
Resta lembrar ainda que:
(1) a unidade de Sines foi lançada ainda no governo de José Sócrates para permitir à Galp uma melhor rentabilização da matéria prima importada de forma a ficar com um excedente para exportar;
(2) durante o ano de 2013, como o consumo de combustíveis em Portugal desceu significativamente, o volume exportado ainda foi empolado por esse decrescimento interno;
(3) enquanto as exportações para a China desceram significativamente e para Angola pouco ultrapassaram os 4%, a Espanha foi onde mais se concentrou o crescimento das nossas exportações. O que, face à crise em que vive o país vizinho, daria motivos para os economistas ficarem de olhos em bico não fosse o caso de ser esse o principal mercado para onde é escoado … o combustível refinado de Sines.
Depois destas achegas dá para lembrar um velho sketch do Jô Soares: «Eu quero aplaudir!».
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