Alain Resnais já não consegue entusiasmar-nos como ocorria há vinte ou trinta anos atrás. Já há dois anos, aquele que fora apresentado em Cannes como o seu filme testamento - «Vous n’avez encore rien vu» - recolheu críticas pouco condescendentes e o mesmo se está a passar com este segundo testamento, agora apresentado na Berlinale.
Mas o velho realizador continua, aos 92 anos, a fazer cinema bem mais interessante do que a maioria dos colegas mais novos, que vão povoando os ecrãs dos cinemas de hoje com banalidades medíocres. E, ademais, ele volta a dar-nos a possibilidade de rever dois atores, que figuram entre os que mais nos dão prazer no seu desempenho: Sabine Azéma e André Dussolier.
Como é compreensível numa história que o realizador terá conjeturado ser a derradeira a adaptar ao cinema, temos a morte a pairar sobre um conjunto de personagens sob a forma de um George, que nunca chega a aparecer, mas se sabe condenado por um cancro a não mais de seis meses de vida. Quem a escreveu foi o inglês Alan Ayckbourn, que já vira Resnais assinar outros dois filmes com base nas suas peças teatrais: «Fumar/ Não Fumar» e «Corações».
Será um prazer assistir à forma como o ausente George irá condicionar a vida dos demais personagens, que se tornam em meras marionetas dos seus ditames imprevisíveis.
E a mensagem que fica não deixa de ser sensata: amemos, bebamos e cantemos enquanto é tempo!
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