Umas semanas atrás o país indignou-se com a proposta dos jovens do cds, que queriam ver o congresso do seu partido aprovar a redução da escolaridade obrigatória … para que os jovens tivessem a «liberdade» de continuarem ou não a estudar!
Mas a lógica absurda de tal gente já estivera plenamente demonstrada, há uns tempos atrás, quando justificaram a vantagem de se acabar com o salário mínimo nacional, porquanto, para um desempregado, sempre seria melhor ganhar cem ou duzentos euros do que nada! Seria a liberdade para se deixarem explorar por tuta e meia!
Um e outro caso são bem elucidativos em como a ideologia do «Tea Party» anda a prosperar entre nós, a exemplo do que se passa por essa Europa fora: em França os movimentos de extrema-direita, que arregimentam milhares de simpatizantes para defenderem o seu preconceituoso conceito de família, são financiados por generosas instituições conservadoras norte-americanas, que também andam a propor apoios para, aqui ao lado, em Espanha, se organizar o mesmo tipo de mobilização para apoiar o governo no projeto de proibir o aborto,
Contra esta dinâmica profundamente reacionária a esquerda tem andado a dormir sobre os êxitos passados, sem compreender os perigos de deixar avançar esse tipo de retrocessos civilizacionais.
E, no entanto, a resistência poderá vir de onde menos se espera … ou seja da retaguarda desguarnecida desse pólo conservador. Senão atenda-se aos sucessivos movimentos grevistas verificados recentemente nos Estados Unidos por parte de empregados de cadeias de fast food, que reclamam salários mais dignos, porquanto os por ora praticados não lhes permitem sequer satisfazer as despesas mais básicas.
Razão porque, no seu discurso do Estado da União, Barack Obama tenha enfatizado a relevância de passar o salário mínimo para dez dólares horários. O que terá escandalizado a bancada republicana...
É que o escândalo tem assumido proporções substanciais: incapazes de manterem as suas famílias com os seus salários de miséria, muitos desses empregados de cadeias de fast food só sobrevivem graças aos apoios federais sob a forma de cupões para subsidiação de alimentos.
Ou seja: os donos dessas cadeias de fast food encaixam lucros obscenos à custa das mais valias roubadas aos seus empregados e são depois todos os contribuintes a financiarem a forma destes últimos sobreviverem. Se isto não é um financiamento ilícito ao enriquecimento de privados, o que será então?
Mas as luminárias da Fox News fazem propaganda para acabar com esses apoios aos mais pobres dentro da sua lógica de reduzir o Estado à sua mais ínfima dimensão. Não imaginam eles que, quando a fome se instalar a sério nos lares dos que trabalham e não conseguirem sequer ter uma casa e uma alimentação em condições, talvez as greves deixem de ser pacíficas como até aqui e, num país onde tão facilmente se compram armas, as consequências se tornem imprevisíveis!
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