Convidado pelo Bloco de Esquerda para uma das suas iniciativas, o prestigiado académico Engelbert Stockhammer, investigador em Economia Política na Universidade de Massachusetts e professor na Universidade de Kingston, em Londres, esteve em Lisboa e deu uma entrevista a Pedro Crisóstomo do «Público».
Bastante crítico do Tratado de Lisboa ele considera que os líderes dos vários países europeus assinaram um pacto suicida, pelo qual ficaram obrigados a limites nas dívidas e nos défices públicos. Ora, implementados como o têm sido - de forma estrita - conduzem ao desastre económico, que estamos a viver. Por isso mesmo Stockhammer propõe uma mudança radical da estratégia europeia, mesmo contra a vontade da Alemanha, e do lobby dos mais ricos. Porque, de outra forma, não se levam em conta as necessidades das pessoas.
Hoje só alguns alucinados como o “bandalho” schäuble e o seu alucinado discípulo luso (gaspar) não reconhecem que a austeridade fracassou nos seus objetivos. Diz o investigador austríaco: “qualquer política que assente na austeridade e em cortes salariais – numa desvalorização interna – significa que as pessoas têm menos dinheiro no bolso e maiores dificuldades em pagar as suas dívidas, não havendo um aumento do consumo.”
E, mais adiante: “Os pacotes de austeridade não estão a resultar: o crescimento económico ainda não trouxe a retoma, os níveis de rendimento nacional estão mais baixos do que antes da crise e, ao mesmo tempo, a dívida pública aumentou de forma exorbitante. A austeridade não ajudou a reduzir a dívida, antes pelo contrário.“
Daí que não lhe sobrem grandes dúvidas sobre o que os governos devem fazer nesta altura: uma política expansionista: “em primeiro lugar, têm de estimular o crescimento para criar emprego e assim baixar o desemprego. Ora, o que os Governos estão a fazer é muito mais encorajar a moderação e os cortes salariais, para diminuir o nível de desemprego, o que é uma estratégia limitada. Ao baixarem os salários, estão a diminuir a procura interna. A desvalorização interna e a estratégia de reduções salariais não estão a funcionar e não estão a criar emprego.”
Em suma: “cortar salários e tentar exportar não é uma estratégia para se sair da crise.”
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