quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

POLÍTICA: mais do que alucinação está a premeditar-se um crime!

Vi-o passar quase despercebido e por isso volto a ele quase uma semana passada sobre a sua publicação. No texto intitulado «Entre verdade e alucinação», e inserido na «Visão» da semana transata, Viriato Soromenho Marques começa por lembrar que já Nietzsche considerava possível medir o carácter de um indivíduo ou de uma nação “pela quantidade de verdade que têm capacidade de suportar”.
Ora, ouvindo o discurso dos governantes o articulista sente-se preocupado pela sua reiterada negação da realidade, ao ponto de quase atingir um estado alucinatório. Porque, como lhes é possível secundarizar a redução do PIB em 1,8% em 2013, que faz esse indicador cair 6,3% desde que chegaram ao poder? Como é possível continuarem a congratular-se com a descida do desemprego se o fluxo emigratório chega a ultrapassar o anterior record de 1966 e muitos dos “novos” empregos são precários e sazonais? Ou como podem ainda tecer loas ao défice de 5%, quando os portugueses sentiram os seus bolsos seriamente assaltados pelo mais violento aumento de impostos de que há memória?
Quem mantém a lucidez só pode sentir uma profunda preocupação por ver o país a avançar para um futuro imprevisível em que se revela “desprovido de meios para enfrentar a borrasca que se vislumbra, e totalmente dependente de fatores que não controla.”
Porque o défice, mesmo sem as novas regras da contabilidade europeia (que o agravarão), já ultrapassa os 129%, que está já acima do pico histórico de 124% verificado na bancarrota de 1892.
É por isso que constitui uma irresponsabilidade a tentação de uma jogada eleitoral com uma «saída à irlandesa» do memorando da troika, quando tudo aponta para uma imprescindível reestruturação da dívida a curto/médio prazo.
Para Viriato Soromenho Marques uma estratégia, que passe por essa decisão ultrapassa a alucinação para se tornar num crime cometido com dolo.


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