Se em vez de Lisboa, a cidade do filme fosse uma outra qualquer não valeria a pena perder minutos preciosos da nossa vida com uma historiazinha tão insonsa e com manifesta falta de credibilidade. Nem sequer pelo facto de por ali cirandar gente muito recomendável como Charlotte Rampling, Bruno Ganz, Christopher Lee ou Tom Courtenay (sobre Jeremy Irons a apreciação é mais prudente!)
Mas Lisboa é o que é: uma das mais maravilhosas cidades do mundo. E como as câmaras vão-se atardando pelas ruas e miradouros da cidade, o filme vê-se sem ligar muito à intriga. Que se resume em poucas palavras: um professor suíço vagueia em paisagem desconhecida, procurando refletir-se no discurso de um antifascista, cujo livro descobrira por obra do acaso.
Evoca-se a ditadura de Salazar, mas parafraseando uma pilhéria da «Gaiola Dourada», quase parece tratar-se de um regime ao jeito do general Alcazar!
Em todo o caso, que fique satisfeito o propósito publicitário e muitos turistas venham entregar-se às mãos dos carteiristas do elétrico 28. A marilu albuquerque agradece!
Mas dá pena ver alguns dos mais dignos anciãos da indústria cinematográfica europeia a terem de fazer a rábula, mesmo quando ela parece tão gelatinosa.
Daí que, tendo começado admitir a prescindibilidade de Woody Allen em filmar Lisboa ao jeito com que o fez para Londres, Paris, Barcelona ou Roma, acabei o filme a pensar que, afinal, não se perderia nada em voltar a ponderar nas vantagens e inconvenientes de tal projeto. Porque este Comboio Noturno não exige muito queijo da serra para cair no mais fundo dos olvidos...
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