Não foi ainda a reação esperada, mas de Moscovo já vão sendo emitidos sinais eloquentes de aviso para o que se passa em Kiev.
Passados os jogos de Sochi, o Kremlin estará decerto a preparar a resposta ao golpe de estado, que expulsou Ianukovich da Presidência. Até porque, apesar do esforço dos media ocidentais em darem uma imagem positiva dos «revolucionários» da praça Maidan, a realidade acaba por ser muito menos cor-de-rosa. Basta pegarmos na reportagem ontem assinada por Paulo Moura no «Público» para constatarmos três exemplos de situações, que fazem prever muita confusão a curto prazo. Assim informa-nos o jornalista que:
· no processo de tomada de decisões há uma luta feroz entre os radicais de direita, que conduziram a revolução, e a oposição moderada, que muitos veem como oligarcas corruptos. E entre uns e outros segue-se o segundo round de uma luta pelo poder.
· o parlamento extinguiu o estatuto de língua oficial para o russo em regiões de população maioritariamente russófona. Se nas outras regiões do Leste o russo é falado pela maioria da população, na Crimeia é a língua mãe de mais de 90% dos habitantes. Um passo importante para a possibilidade de uma secessão com todas as condições para se revelar sangrenta. Tanto mais que em Kharkov, Donetsk e sobretudo na Crimeia, a população ameaça não reconhecer as novas autoridades.
· cada partido só quer libertar os presos da sua cor política. Aos outros, considera-os criminosos de delito comum.
Será bastante interessante vislumbrar como é que Angela Merkel, depois de ter encorajado o derrube de Ianukovich vai disponibilizar biliões de euros para socorrer a falida Ucrânia, quando os recusou aos parceiros europeus em dificuldades.
E, por seu lado, o FMI, se acaso vier a tornar-se parte ativa nesse apoio financeiro, que contrapartidas exigirá aos ucranianos?
Não é difícil conjeturar na inviabilidade dos amanhãs que cantem para quem os imaginou ao virar da esquina!
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