A semana acaba com muitos comentadores a serem obrigados a posicionarem-se em relação aos protestos a que os ministros deste (des)governo têm sido sujeitos em diversas ocasiões e sempre com a «Grândola, Vila Morena» como mote sonoro.
Lamentavelmente - pelo menos para mim, que sou socialista - alguns dos mais conceituados dirigentes do PS têm convergido para um discurso “politicamente correto”, que tende a condenar os protestos e a anuir com o discurso de vitimização de relvas e seus cúmplices.
Para Augusto Santos Silva, António Costa ou Francisco Assis parecem estar em causa princípios democráticos essenciais, a começar pelo da liberdade de expressão. Mas basta ouvir a rua e as redes sociais para que se detete um total desfasamento entre essas posições e as do eleitorado tradicionalmente socialista.
O que defendem esses aparentes aliados de relvas teria cabimento se vivêssemos numa democracia normal, que não se achasse subvertida nos seus princípios fundamentais (o direito ao pão, ao trabalho, à habitação, à saúde e à educação). Ora toda a ação deste (des)governo tem sido orientada para o cerceamento dessas liberdades democráticas. O que impõe a questão: se os cidadãos ficam privados de todos esses direitos fundamentais, resta-lhes uma única alternativa, a da palavra.
Nos queda la palabra, como cantavam os Aguaviva!
E ela tem de se expressar exatamente da forma inversamente proporcional à da eliminação dos outros direitos. O que justifica a sua progressiva dimensão ensurdecedora, como se verificará, por certo, a 2 de março, quando, por muito que se cubram nas suas mortalhas, os canalhas sentirão quão nu vai o rei!
Como escreve Miguel Vale Almeida no seu blogue, em texto que, com a devida vénia, reproduzimos a seguir, estamos perante um processo revolucionário invertido. E em tempo de revoluções, seja das nossas, seja das dos nossos inimigos de classe, não se limpam armas. E os nossos escrúpulos deverão ser temperados pela necessidade de pôr fim a uma dinâmica, que nos irá infligir maiores sofrimentos.
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