Vivemos num mundo mergulhado numa crise económica, social e política, para a qual os líderes mundiais não conseguem encontrar soluções.
Inspirado em Maquiavel, o escritor anglo-libanês Percy Kemp acaba de publicar um tratado satírico de conselhos aos governantes, que se sintam hoje ultrapassados pelos acontecimentos e necessitem de novas formas de exercer o poder e da melhor forma de o conservar.
Com «Le Prince», este mestre do romance de espionagem abandona o género para se consagrar a um ensaio capaz de decifrar os grandes desafios geopolíticos atuais e a impotência em que se sentem mergulhados os atuais príncipes da governação.
Que resume o seu propósito de uma forma bastante eloquente:
Da Guerra de Tróia à Guerra Fria, passando pela Guerra dos Cem Anos, o inimigo sempre esteve no cerne das preocupações do Príncipe e constituiu a principal fonte de perigo, que sobre ele pousava. Mas será ainda assim?
Neste livro consagrado ao exercício do poder, e que surge exatamente quinhentos anos depois do «Príncipe» de Maquiavel, de que retoma deliberadamente o título, Percy Kemp refuta a ideia comum em como, hoje em dia, são os inimigos a principal ameaça a pesar sobre o Príncipe.
Baseando-se na constatação de como o mundo mudou mais nestes últimos cem anos do que acontecera nos três ou quatro milénios anteriores, ele avança com uma hipótese ousada: hoje, a verdadeira ameaça ao Príncipe resulta da aceleração da História, que multiplica os acontecimentos até ao infinito e o impede de gerir em seu proveito os sempre crescentes imprevistos, que acabam por beneficiar os seus inimigos.
Ele demonstra ainda que, ao contrário do que se passava no tempo de Alexandre ou de Dario, de Napoleão ou de Wellington, senão mesmo no de Kennedy ou de Khrouchtchev, em que importava subjugar o inimigo, o que agora ganha relevância é a capacidade de adaptação aos acontecimentos e o autodomínio de si mesmo.
Uma lição, que importa ser entendida por quem quer exercer o poder, seja à esquerda, seja à direita!
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