A situação económica italiana está numa situação muito crítica. O desemprego dos jovens situa-se nos 33%. As dívidas públicas atingem 126% do produto interno bruto. Mensalmente cerca de mil pequenas empresas fecham as portas, devido em grande parte a uma carga fiscal particularmente elevada. Mesmo em plena recessão, as empresas estão obrigadas a pagar os seus impostos sem acederem a qualquer flexibilidade temporal.
Pelo seu lado, o Estado demora a desbloquear os seus fundos. Durante a campanha eleitoral falava-se de um atraso nos pagamentos do Estado em cerca de 70 mil milhões de euros. Será, pois, necessário fazer economias nos salários muito elevados e nas medidas infraestruturais inúteis. O fosso entre os mais pobres e os mais ricos vai aumentando.
Existem, pois, muitos problemas, que explicam o sucesso dos populistas, que argumentam com disfuncionalidades concretas, que se multiplicaram nos últimos dez anos, a que se acrescenta a perceção de numerosos italianos em como a esquerda não estará em condições de iniciar uma mudança credível.
Trata-se, pois, de uma questão de confiança: a Itália conheceu numerosos casos de corrupção, que envolveram quase todas as formações políticas. O Partido de Sílvio Berlusconi foi sacudido por escândalos muito violentos. Personalidades políticas e altos funcionários embolsaram somas indecentes, em forma de salários, de reformas e de outro tipo de remunerações singulares. Tudo contribuiu para arruinar a confiança dos cidadãos na classe política.
Alguns dos altos funcionários ganham cerca de 50 mil euros mensais, podendo acumular até 94 mil em remunerações complementares. Uma estenógrafa no parlamento consegue ganhar mais do que o presidente português.
Além dessas vantagens conferidas pela lei soma-se à corrupção. Na época em que a economia estava em alta tudo isso se tolerava, mas em período de crise e de recessão, o desagrado aumenta e a população dá sinais de não querer continuar a financiar esse sistema, tanto mais que os impostos aumentam consideravelmente. Os cidadãos questionam-se, então, se devem ser eles os únicos a respeitarem a lei.
Para reconciliar os italianos com a política, Bersani preferiu apostar no seu fraco carisma do que num programa concreto. Ciente da sua credibilidade enquanto homem político de passado irrepreensível, ele acreditava numa viragem determinante … que não chegou a acontecer. Agora vê-se na iminência de ter de fazer coligação. Só não se sabe com quem.
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