Acabado de publicar na Alemanha, o livro mais recente do diretor do diário conservador alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, suscita justificada controvérsia por constituir uma crítica contundente ao capitalismo e a reabilitação do pensamento marxista na análise presente.
Se os próprios conservadores já têm de se curvar perante os modelos de pensamento do marxismo, é porque a conjuntura atual está, de facto, a confrontá-los com o fracasso dos axiomas até agora seguidos pelos seus mais extremados defensores.
Para Schirrmacher, vivemos no tempo do Homo Economicus, um monstro egoísta, desconfiado, temeroso e sempre a julgar o vizinho capaz das piores ruindades.
Trata-se de um ser calculista, que sacrifica as relações de amizade e profissionais em proveito do altar do lucro e que, quer na vida amorosa, quer em todos os demais aspetos da sua existência, tenta sobrepor-se aos demais.
Essa corrida permanente contra os potenciais concorrentes acaba por lhe roer a alma e destruir a democracia.
Agenda política, ações na bolsa, lista de contactos: na nossa sociedade da informação tudo se vende, tudo se compra, e favorece essa nossa condição de egoístas.
O Michael Douglas dos filmes de Oliver Stone sobre Wall Street é o paradigma desse homo economicus, que apressa as conjeturas marxistas sobre o estado final do capitalismo: aquele em que a acumulação de capital num número cada vez menor de gananciosos cria as condições favoráveis para uma reviravolta total em que todos os valores voltam a estar em equação. Em que o realismo volta a ser o pedido do impossível!
Não tanto pela justeza da análise (Schirrmacher continua a ser um ideólogo situado politicamente à direita!), mas pelos sinais de impasse em que essa área política se vê enredada, o livro em causa merece a nossa atenção.
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