segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

LITERATURA: Ciclo Lawrence Durrell, 1 - Durrell antes de Alexandria


Dediquemo-nos, pois, a Durrell, excelente escritor inglês do século transato, de que a Dom Quixote publicou recentemente uma nova edição do seu «Quarteto de Alexandria».
No ano passado cumpriu-se o centenário do seu nascimento, já que ele nasceu a 27 de fevereiro de 1912 na zona de Jalanda, situada no sopé dos Himalaias.
O pai dirigia então a Tate Iron and Steel Company, grande empresa metalomecânica responsável pelo fornecimento de materiais para as grandes infraestruturas britânicas na sua joia da coroa, nomeadamente para os seus caminhos-de-ferro.
Foi na região aonde se produz o célebre chá darjeeling que o jovem Larry iniciou os estudos, depois prosseguidos em Inglaterra a partir de 1924, primeiro em Southwark, e depois na St. Edmond’s School de Canterbury.
A morte do pai corta-lhe o percurso académico e obriga-o a encontrar forma de ganhar a vida: no célebre bairro de Bloomsbury, conhecido pela sua intensa vida cultural, arranja diversos empregos de recurso, entre os quais o de pianista no Blue Peter Night Club.
Aos 23 anos demonstrava determinação inquebrantável e total autoconfiança no seu talento literário. Daí profissionalizar-se, enquanto escritor, ao mesmo tempo que desposa a talentosa pianista Nancy Myers.
Nesse mesmo ano de 1935 surge o primeiro romance: Pied Piper of Lovers, embora date de quatro anos antes o primeiro livro de poesia: Quaint Fragments.
É também por essa altura, que vira costas aos friorentos invernos britânicos e se instala com a família em Corfu, aonde enceta a escrita de The Black Book, romance com influências do Trópico de Câncer de Henry Miller, que conhecera em Paris e de quem se tornara grande amigo.
Como tem de pagar as contas, assina um segundo romance de fácil leitura e escassa ambição - Panic Springs - e colabora com Miller e Parlès na direção do jornal Booster, pertencente ao American Country Club de Paris, que revolucionam nos sete números seguintes, publicados até 1939, e já com o novo título de Delta.
Esses anos entre 1935 e 1939 serão intensos com as frequentes viagens entre Corfu, Londres e Paris, novas e influentes amizades (a de T.S. Elliott por exemplo) e torrencial produção literária, quer em prosa, quer em poesia.
Ciente da impossibilidade de contornar a censura nos países de expressão inglesa, publica The Black Book em Paris, em 1938, sob o título de Carnet Noir.
Mas a Guerra altera por completo o ambiente em que vivia, e em 1941, Durrell e a família instalam-se primeiro em Creta, e depois no Egipto, aonde é nomeado diretor do serviço de imprensa estrangeira no Cairo e em Alexandria.
Trata-se de época de grandes tensões, inclusive no seu casamento com Nancy com quem acaba por romper...

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