São milhentas as lutas em curso na Palestina para resistir à permanente agressão israelita. Para quem é de esquerda e se comove com o sofrimento dos judeus ao longo da sua História, particularmente durante o Holocausto, o presente gera sentimentos ambivalentes, quando vê os descendentes das vítimas do passado a transformarem-se nos algozes das do presente.
Mas a luta palestiniana não diz apenasrespeito à defesa da dignidade e do direito de sobrevivência do seu povo. Há também a luta pela sua cultura milenar, sempre ameaçada pela arrogância ignorante do ocupante.
Uma dessas lutas mais pertinentes nesta altura passa-se no pequeno vale de Battir a sudeste de Jerusalém, cuja população solicita a urgente classificação da região como Património Mundial da Humanidade pela Unesco para evitar a sua total destruição.
Justifica-o a existência de um milenar e engenhoso sistema de irrigação, que está ameaçado pela construção do apregoado muro de segurança de mais de 700 quilómetros de extensão pretendido por Israel.
A paisagem, única no seu género, integra os socalcos nas colinas, que possibilita as ricas plantações agrícolas com mais de quatro mil anos de existência, alimentadas pelo sistema de canais construídos com pedras, que levam a água desde os poços da aldeia até às vinhas e aos olivais das encostas ali ao lado.
A construção do muro seria fatal para o equilíbrio ecológico do vale. E os habitantes, camponeses na sua maior parte, deixariam de poder aceder aos seus campos sem terem de passar por um controle de identidade.
Em vez de se conformar com a prepotência do seu agressor, o povo de Battir insiste em defender o seu direito a continuar a existir…
Luta difícil face a um inimigo poderoso, que não hesita em espoliar para si as melhores terras e as raras nascentes com que conta irrigar as suas próprias culturas.
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