sábado, 16 de fevereiro de 2013

POLÍTICA: O povo ordena na casa da democracia representativa



Bem pode o Pedro Adão e Silva considerar ambígua a questão de se aferir da legitimidade deste tipo de contestações na própria casa da democracia representativa, que foi bonita a ação de interromper o discurso bafiento do pedro passos coelho na Assembleia da República com um coro afinado a entoar o «Grândola Vila Morena». Sobretudo, porque importa transmitir por todos os meios de agitação e propaganda possível a esquecida ideia de que «o povo é quem mais ordena». Para que ele perca o medo, saia à rua e altere de vez este estado das coisas. Porque, como lembra o Nuno Saraiva, do «Diário de Notícias» através de uma frase do Vítor Hugo, "entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há certa cumplicidade vergonhosa". Por isso a ação desta manhã pode ser vista como um redespertar da consciência coletiva para o imperativo de cidadania, que se lhe impõe.
O ainda primeiro-ministro bem procurou exibir uma atitude descontraída quanto a essa interrupção, mas não pôde disfarçar o nervosismo com que enfrenta quinzenalmente o requisitório de perguntas e comentários dos deputados das bancadas da Oposição e se lhe soma uma tão inesperada demonstração de rejeição. Tanto mais que a realidade está a ser prenhe em confirmar o que já há muito se sabia e só ele e os seus apaniguados no (des)governo não queriam ver. Que estamos a caminhar para uma incomensurável catástrofe social.
Daí que existem alturas em que até os mais legítimos escrúpulos -  como o enunciado pelo conhecido professor do ISCTE - deixem de fazer sentido. E todas as armas de marketing político se justifiquem. Até porque, do outro lado da trincheira, os rodrigos moitas de deus também não estão a dormir…

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