terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

DOCUMENTÁRIO: «Os últimos carvoeiros romenos» de Vincent Froehly


Nas montanhas da comuna de Lupeni, na Transilvânia, tem-se a impressão de estar noutro continente, quiçá noutra época. É aí que vivem os carvoeiros romenos. Durante dez meses por ano, trabalham com pó, calor, sujidade e esgotamento. Por um salário miserável, alimentam os barbecues das sociedades prósperas da Europa ocidental.
Essas montanhas dos Cárpatos têm densas florestas, que deram origem a tantas lendas e contos. Esses milhares de hectares de madeira formam uma autêntica caverna de Ali Baba, que suscitam o interesse dos investidores estrangeiros. É que as pessoas da região conhecem bem esse material: cada aldeia conta com o seu carpinteiro, o seu marceneiro e o seu carvoeiro. Este último, o «homem da floresta» está no nível mais baixo da escala social. O seu quotidiano roça a indigência, sem nenhuma das vantagens da vida moderna.
Numa zona em que se fabrica o carvão de madeira, o documentário mostra dois homens a retirarem das brasas o carvão acabado de produzir. Sem qualquer proteção contra os fumos e contra as partículas tóxicas voláteis.
Lajos Balint passou a vida a transformar madeira em carvão. E integra essa classe de carvoeiros romenos, que são os mais pobres de entre os mais pobres dos seus concidadãos. Eles formam o escalão mais baixo da sociedade rural. E, no entanto, eles são detentores de um conhecimento especializado, que mais ninguém possui. É necessária muita experiência, coragem e domínio de conceitos da física para manter aceso o forno de cinco metros de altura durante semanas a fio e saber quando se deve facilitar ou impedir as correntes de ar. Porque deve evitar-se a inflamação dos materiais se se quiser obter, ao fim de algumas semanas, o tão desejado carvão de madeira. Que é exportado na sua maioria para os barbecues europeus sem que ninguém se interesse por saber donde ele vem ou como é obtido. E, no entanto, em pleno coração da Europa, os mestres carvoeiros têm uma vida rude e miserável, sempre a questionarem-se por quanto tempo ainda conseguirão resistir.

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