Se tudo o que são medias por esse mundo fora já andam a realçar quem terão sido as personalidades mais marcantes do ano de 2013, eu permito-me a imitá-los aqui no modesto espaço do blogue, optando pelas três que podem ter lançado as bases para mudanças futuras.
A nível nacional a escolha vai inevitavelmente para JOSÉ SÓCRATES. O seu regresso, depois de uma ausência de dois anos a estudar em Paris, foi retumbante e veio atirar por terra as pretensões de uns quantos - a começar pelo atual diretor do «Expresso» - que o davam como morto politicamente.
Não se ajeitando ao papel que relvas julgava provável ao promover a criação de um espaço seu na RTP, Sócrates não desperdiçou a oportunidade para, semana após semana, zurzir certeiramente no governo e no inquilino de Belém que passaram a ter as orelhas a arder em todas as noites de domingo.
E mesmo quando se distancia das posições do líder socialista - como sucedeu esta semana, ao subscrever a crítica de António Costa ao acordo com o PSD e o CDS a respeito do IRC - fá-lo com a elegância, que faltou a outros, menos argutos e inteligentes, em tempos que já lá vão.
2013 terá representado para Sócrates o início de um processo de reafirmação das suas qualidades de liderança e de sentido estratégico, que tanta falta fazem ao país.
A nível internacional o realce vai para duas personalidades: o PAPA FRANCISCO e EDWARD SNOWDEN.
No primeiro caso até eu próprio me surpreenderia se, no início deste ano, imaginasse a possibilidade de vir a encarar muito positivamente o papel do Papa argentino. Até porque, enquanto ateu, já me dissociara grandemente dos sinais habitualmente oriundos do Vaticano por serem invariavelmente retrógrados.
Agora que a clara rejeição do fausto confirma ser mais do que uma estratégia de marketing e que se acumulam as provas em como terá sido responsável pela salvação de muitos compatriotas ameaçados pela junta fascista - contrariando as notícias iniciais quanto ao seu suposto colaboracionismo com os generais em causa! - pode-se encarar como uma lufada de ar fresco essa permanente crítica ao capitalismo selvagem, à abertura para as chamadas causas fraturantes e para o sentido de tolerância e de diálogo com quem pensa de forma diversa da sua.
Numa altura em que a direita troglodita a nível global continua a dar sinais de pretender a regressão em tantos avanços civilizacionais já conquistados - por exemplo nas questões do aborto ou do casamento entre pessoas do mesmo sexo - Jorge Bergoglio revela estar muito mais avançado do que muitos dos que pretendem falar em nome da Igreja que ele volta a humanizar e a colocar ao lado dos mais pobres.
Quanto a Edward Snowden a sua importância ainda está por aclarar-se, mas já obrigou os serviços secretos, que nos espiam, a colocar-se na defensiva. Pelo menos de acordo com os recentes compromissos de Obama quanto à sua regulação e controlo. É que o direito à privacidade não pode ser contrariado em nome de uma luta antiterrorista, que deve ser ganha por via política, mais do que policial. Cada vez mais reconhecido como herói, Snowden personifica aquele tipo de pessoa capaz de pôr em risco a vida e o conforto em nome de princípios, que deveriam ser universalmente defendidos por todos.
Sem comentários:
Enviar um comentário