domingo, 15 de dezembro de 2013

POLÍTICA: Até que ponto são fiáveis os indicadores?

Perante o descalabro da situação social portuguesa suscitada pelas suas políticas, é crucial para passos coelho, que tenha a cumplicidade ativa de algumas personalidades e instituições, efetivamente dispostas a escamotearem a realidade para alinharem na sua mistificação.
É a essa luz que se compreendem algumas afirmações de responsáveis das instituições da troika - desde durão barroso a mário draghi - que procuram escamotear a sua responsabilidade naqueles efeitos do memorando por eles imposto aos portugueses, fazendo por crer nos supostos sinais positivos dados por alguns indicadores publicados pelo INE ou pelo Banco de Portugal.
Daí que  passos coelho necessite da colaboração ativa de quem emite estes mesmos indicadores de forma a que eles sejam “trabalhados” o mais convenientemente possível para que adiem o mais possível a demonstração do seu rotundo fracasso.
Que essa colaboração ativa tem existido por parte do governador do Banco de Portugal é uma suspeição, que uma das notícias mais importantes da semana veio confirmar. Soube-se, de facto, que carlos costa vetou Mário Centeno para economista-chefe da instituição, apesar deste ter sido considerado o melhor dos candidatos pelo júri independente e anulando aquele concurso de forma a designar vítor gaspar de motu proprio.
Percebe-se neste verdadeiro escândalo a intenção de garantir indicadores minimamente “trabalhados” para não causarem grande mossa nos seus amigos de partido. Uma possibilidade, que vítor gaspar lhe propiciará ao invés do menos domesticável  diretor adjunto do Departamento dos Estudos Económicos.
À distância pode-se lamentar que carlos costa tenha sido nomeado pelo Governo de José Sócrates para logo o começar a torpedear e participar ativamente na criação de condições para a vinda da troika, e agora continue a tudo fazer para prolongar o mais possível esta agonia austeritária de que se mostra um dos mais influentes inspiradores.
Como escreveu Pedro Adão e Silva no «Expresso» desta semana, vivemos de facto uma crise política. Mas uma crise que assenta numa combinação de fanatismo ideológico que inviabiliza o diálogo com uma propensão notável para desconsiderar os factos.
Será de temer que, com carlos costa, à frente do BdP, esse fanatismo ideológico encontrará indicadores convenientemente deturpados para que prossiga nas suas malfeitorias. Mesmo que - como se viu agora no Boletim do INE - os próprios indicadores sobre os quais passos e seus comparsas tecem loas sejam facilmente desconstruídos de forma a demonstrarem exatamente o contrário daquilo, que pretenderiam comprovar: o sucesso das suas políticas. Porque, como escreve João Galamba no mesmo semanário, não deixa de ser irónico que o fim da espiral recessiva seja da inteira responsabilidade da instituição que o Governo continua a eleger como o seu maior adversário.
É que a economia em “franca recuperação” devido aos sucessos das exportações, gripou e só saiu da recessão graças ao consumo interno propiciado pelo alivio da austeridade pelas decisões do Tribunal Constitucional.


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