A entrevista que Augusto Santos Silva deu a Manuel Carvalho na edição dominical do «Público» reitera a postura institucional do antigo ministro socialista, que explica a sua antipatia por algumas manifestações e contestações menos padronizáveis pela sua visão de civismo, e a ausência de um discurso crítico em relação a António José Seguro. Mas vale, sobretudo, por trazer novamente à memória o entusiasmo com que o PSD acolheu a vinda da troika e a paternidade assumida por catroga a respeito do que hoje o ainda primeiro-ministro como a «calibração» do Programa contido no Memorando.
Quando passos coelho ou um qualquer dos seus altifalantes procura imputar as culpas para José Sócrates está a mentir com todos os dentes, porque entre a vontade de limitação dos danos dos socialistas e a assumpção de equivalência entre aquele Programa e o do PSD às legislativas vai uma enorme diferença.
E, passados três anos, qual será o resultado? Draghi ou o líder da troika disseram-no esta semana: um novo resgate ou, no mínimo, um programa cautelar. Apesar dos 300 mil portugueses, que perderam entretanto o seu emprego ou os mais de 100 mil jovens, que zarpam anualmente do país, voltámos ao cenário de há dois anos e meio atrás.
Por isso mesmo, e apesar de não confiar na possibilidade de cavaco o propiciar, Augusto Santos Silva consideraria imprescindível a posse de um novo governo liderado pelo Partido Socialista para negociar essas novas condições de apoio exterior. Onde não se pode concordar com o entrevistado é com a possibilidade de para esse Governo se contar com gente como pires de lima, os macedos ou até assunção cristas… mesmo associando-lhe nomes do 3D!
Constituindo um dos mais interessantes comentadores políticos do momento, desejar-se-ia que Augusto Santos Silva fosse … um pouco mais de esquerda!
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