sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

POLÍTICA: Toma, embrulha … e vai buscar!

Ao conhecer a decisão do  Tribunal Constitucional sobre o corte retroativo de 10% nas pensões de aposentação, invalidez e sobrevivência da Caixa Geral de Aposentações, a primeira reação foi de uma intensa e emotiva satisfação. Tanto mais que ela surgiu balizada no veredicto unânime dos treze juízes, independentemente de terem sido designados para o Palácio Ratton pelo PS, pelo PSD ou pelo PP.
O que estava em causa na legislação submetida à sua apreciação era uma violação grosseira da Constituição, que passos coelho e seus cúmplices haviam jurado respeitar.
E por isso foi grata a conjetura quanto a como ficarão as caras dos draghis, dos barrosos, dos rehns e de outros meliantes das estranjas, ao comprovarem o valimento nulo das suas pressões sobre o Tribunal, que representa a legalidade do Estado Português. Sem esquecer as dos membros deste governo de foras-da-lei ou as desses comentadores, opinadores e paineleiros das televisões, dos rádios e dos jornais, que não se cansaram em chantagear os juízes e a generalidade dos cidadãos com as tenebrosas consequências de um eventual chumbo da lei.
O dia já valeu a pena ser vivido só para ver o marco antónio a recalcar a raiva, que trazia em si, ou o magalhães do pp com a expressão de funeral.
Noutras circunstâncias e, sobretudo, com gente de outra estatura moral, não seriam apenas três os secretários de Estado a saírem do governo de motu próprio. Levariam consigo os ministros e as centenas de arrivistas contratados a título de assessores ou de especialistas, que deverão andar com justificados pesadelos por não tardarem a ser convidados a, igualmente, saírem das suas zonas de conforto e procurarem emprego onde lhes não baste apresentar o cartão partidário.
É neste contexto, que se pode lamentar quanto a quem temos a liderar a Oposição.
Com um secretário-geral da fibra de um Soares ou de um Sócrates, a noção da existência de uma alternativa realmente convincente bastaria para retirar argumentos ao inquilino de Belém na manutenção desta coligação zombie fora do túmulo. E evitaria, igualmente, que surgissem iniciativas mais ou menos excêntricas (Livre, 3D) de quem procura ocupar espaço à esquerda por falta de comparência de quem o deveria ocupar.
Ora, em vez da clara definição de uma linha de separação com o atual estado de coisas, o que vemos surgir do Largo do Rato? Uma ansiedade em ficar bem no retrato dos conciliadores sob o argumento de uma legislação sobre o IRC, que dirá muito pouco aos milhões de portugueses angustiados com os efeitos da crise, e só passível de criar empregos (mesmo precários e mal remunerados) nas iluminadas mentes de quem rodeia António José Seguro.
O maior pesadelo que pode ter quem é socialista há décadas, mas vê o Partido a descarrilar do trilho por onde deveria avançar determinadamente para a vitória, é temer uma “remake” lusa do flop Hollande. Porque, depois de dois anos e meio de depravação direitista, a correção das assimetrias sociais exige um longo trabalho de governação responsável, mas sem tibiezas quanto às opções de esquerda a implementar.
Ora, justificam-se os temores de quem vê em Seguro uma versão mais benigna, mas não menos virulenta, do mesmo bacilo, que importa eliminar de vez.


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