No Indie de 2013 esta primeira-longa-metragem do israelita Tom Shoval foi um dos mais interessantes de entre os que se apresentaram a concurso.
Os protagonistas são Yaki e Shaul, dois irmãos gémeos que vivem nos arrabaldes de Telavive, e enfrentam as dificuldades da família que, endividada, arrisca-se a ser expulsa de casa. Por isso Yaki que está no Exército e nunca se separa da arma de serviço, aproveita alguns dias de folga para, aliado ao irmão, planear o rapto de uma rapariga endinheirada, que já obcecava a atenção deste último.
Com o dinheiro do resgate contam resolver a depressão do pai e recuperar os pequenos nadas, que constituíam o traço de união de todo o agregado familiar.
Mas como o tentam no dia do Shabbat nada lhes irá ocorrer conforme o planeado…
Trata-se, pois, de um policial, que tem por pano de fundo a crise económica israelita sobre a qual poucas informações nos chegam, mas capaz de atiçar a já intensa fogueira daquela região.
A crítica elogiou uma história capaz de contornar o tentador maniqueísmo e questionar até que ponto os rostos opacos dos jovens equivalem a uma qualquer representação do mal.
Ao invés presenciamos o sofrimento social e psíquico da classe média israelita a contas com demasiadas dificuldades para a sua capacidade de resiliência. É que não são apenas as que resultam do desemprego ou dos baixos salários. Existe, igualmente, o tradicionalismo a recalcar os problemas psicossociais, sejam eles a homossexualidade ou as crises existenciais seja em ambiente religioso ou a ele avesso. Tensões, que se refletem na angústia coletiva em relação à possibilidade ou não de sobrevivência de Israel como Estado, até mesmo como Nação.
O filme aborda essa violência interiorizada, que suscita as clivagens entre as pessoas e as leva a comportamentos totalmente contrários ao da ética judaica, se não mesmo à da ética em si.
Assumidamente militante, o filme ousa abordar um tema que incomoda e sem cuidar do que possa ou não ser politicamente correto.
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