quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

LIVRO: «Os Diários de Jane Somers - Se os Velhos Pudessem...» de Doris Lessing

Isto é mais ou menos assim: ao longo de vários anos fui acumulando alguns títulos de Doris Lessing na minha biblioteca particular ciente de, mais tarde ou mais cedo, vir a encontrar disponibilidade para os ler, quando viesse a recuperar com juros os projetos de tantas leituras adiadas pelas obrigações profissionais.
A simpatia para com a escritora datava de antes do Nobel: sabia-la com um passado ativo de militância comunista e com posições firmes na defesa dos direitos das mulheres.
Agora, com a notícia da sua morte, decidi que nem era tarde, nem era cedo: justificava-se dedicar umas horas de atenção à leitura de um desses romances.
Então, e não é que fiquei dececionado?
Em «Os Diários de Jane Somers - Se os Velhos Pudessem» temos  a protagonista a dirigir uma revista feminina de grande tiragem e a conhecer sucesso meritório como escritora, mas com uma incapacidade espantosa em pôr em ordem a sua mais que desarrumada vida. A começar pela afetiva na pessoa de outro cinquentão, Richard, com quem enceta uma relação amorosa, mesmo sabendo-o casado.
Eles vêem-se espiados mais ou menos ostensivamente pela filha desse médico, Katherine, e pela própria sobrinha da escritora, Kate, ambas apostadas em deitar a perder aquela já de si problemática relação, porquanto se limita a encontros clandestinos em pubs e jardins sem jamais se sujeitar à prova de fogo do truca-truca.
Além de não conseguir pôr em ordem a mentalmente desestruturada sobrinha, que parece fadada para acabar num manicómio, Jane ainda dedica algum tempo a uma idosa da vizinhança, que tem um feitio irascível.
Levada pela corrente de um rio contra o qual se recusa a debater, Jane vai esperando que os acontecimentos acabem por resolver os seus dilemas: Richard volta para a América do Norte, Kate muda-se para uma comunidade de lésbicas e a velha Annie morre oportunamente no hospital.
No final do romance Jane sente que a sua vida volta a ganhar algum espaço de liberdade, mas não parece muito sossegada com tal possibilidade.
Como balanço, um romance ligeirinho, que é do tipo melhoral: não faz bem, nem faz mal...


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