quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

DOCUMENTÁRIO: «A Necrópole do Imperador» de Christian Twente (2005)



A província chinesa de Shaanxi é conhecida pelo seu impressionante exército em terracota, que estava enterrado em Xian. Mas também abriga outros importantes locais arqueológicos, alguns deles ainda por explorar.
A necrópole do Imperador Taizong só recentemente começou a ser investigada numa montanha situada a 1200 metros de altitude do planalto de Zhao Ling, sobranceiro ao vale do rio Wei. Terá sido aí que o segundo monarca da dinastia dos Tang mandou construir um sumptuoso mausoléu com cerca de quatrocentos edifícios e um admirável palácio subterrâneo, enquanto governou entre os anos de 629 e 649.
Vivia-se, então, uma das épocas mais gloriosas da história da China milenar, com grande dedicação às artes e conceitos avançados de justiça. E, sobretudo, com um comércio florescente através da Rota da Seda, que assegurava a ligação cultural entre a Europa e o Extremo Oriente. Muito embora o budismo não tardasse a converter-se em religião do Estado, na época de Taizong imperava a liberdade de culto.
No século IX a dinastia dos Tang é derrubada por revoltas camponesas. Nessa altura os rebeldes entram na necrópole e ficam encantados com o seu esplendor, até porque à rica estatuária e aos muitos artefactos, somavam-se muitas peças em ouro. As construções exteriores são destruídas e o resto do mausoléu cai no esquecimento.
Foi o professor Zhang Janlin, do Instituto Arqueológico de Xian, quem redescobriu recentemente o local. Segundo apurou a maioria dos edifícios terá sido construída entre 636 e 649, embora não seja de excluir a possibilidade de alguns adicionais terem surgido posteriormente.
Voltaram à luz do dia numerosos esquifes, mas sem ainda se ter alcançado o túmulo do imperador que, segundo documentos do século IX, ficava no fundo de um túnel com 230 metros, selado com cinco portas em pedra.
O arqueólogo chinês solicitou, então, ajuda internacional, que permitiu a colaboração de geofísicos austríacos dotados de radares sofisticados e de uma equipa da Universidade de Darmstadt incumbida da reconstituição virtual da necrópole a partir das fontes históricas disponíveis e do que a prospeção no local vai revelando. Consegue-se, assim, recriar uma aproximação do que seria o aspeto visual de todo o local, nomeadamente dos edifícios destinados aos sacerdotes e aos funcionários, que continuariam a servir o Imperador, mesmo depois dele ter partido para habitar o Além. E sugerir, de acordo com a orientação norte-sul de todas as construções da época Tang, qual o local mais provável para encontrar a derradeira morada de Taizong.
Numa aventura digna de um thriller, Zhang Janlin acaba por descobrir o que resta de uma ponte em madeira, outrora destinada a aceder à câmara funerária… mas sem ainda a conseguir desvendar. E até nem tem pressa em consegui-lo, porquanto, com os meios atuais, os resultados poderiam ser contraproducentes. As tecnologias de conservação deverão aprimorar-se para que muitos dos achados não se degradem aceleradamente como ocorreu noutros locais arqueológicos, que trouxeram peças maravilhosas à luz do dia, mas que depressa se reduziram a pó.



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