O texto de ontem - que trazia assumidamente uma provocação (haveria uma espécie de "determinismo" a suscitar uma evolução dialética da História numa lógica igualitária!) - suscitou um comentário muito interessante do José Neves, que aqui transcrevo. Revelando notórias divergências com o conteúdo publicado, possibilita um debate que, sobre o marxismo, continua a ser muito pertinente. E que terá aqui continuação:
Que é uma "previsão quase determinista"!
Marx, perante as contradições que foi encontrando, para chegar a essa previsão quase determinista que anunciava o conhecimento científico do processo histórico e por conseguinte o futuro da civilização e o fim da história, embrenhou-se no estudo do materialismo dialéctico, uma ciência social definitiva.
O único determinismo que existe é a morte e esse sim iguala a todos inexoravelmente, não obstante os homens sobreviventes, ainda aí os queiram distinguir pelo que foram antes de serem nada.
Os homens podem nascer livres e iguais perante a lei mas nunca perante a natureza. A lei liberta e quer igualar o fraco perante o forte, é um grande passo para a igualdade e também o sistema político pode dar grandes passos para a igualdade social, contudo como é dito na peça, a igualdade nunca foi nem é atingível.
Não existem duas pessoas iguais fisicamente, na capacidade física e sobretudo na capacidade intelectual. Este determinismo duma natureza desigual determina, por sua vez a impossibilidade da igualdade. E aqui reside a grande dificuldade de uma sociedade igualitária como Marx congeminou.
E também Marx não se baseou na Revolução Francesa para definir a sua sociedade igualitária. Esta apenas serviu para constatar que através dela podia ser imposta a tal sociedade igualitária. A sua sociedade comunista nasce do estudo da sociedade comunitária consanguínea primitiva das "gens", da sociedade ideal de Platão e outras velharias utópicas.
Podemos atingir graus de igualdade política, material, social muito elevados mas jamais essa tal igualdade inscrita pelos filósofos nos manuais. Platão viu isso nitidamente pois queria os mais sábios (filósofos) a dirigir a polis. Ele sabia que os melhores em faculdades de intelecto e pensamento deviam ser os chefes.
Infelizmente, como provam os nossos actuais dirigentes, na democracia que temos até estarolas indigentes chegam a chefes de governo e de Estado. Portanto há que aperfeiçoar ao limite o filtro do sistema democrático para apenas deixar passar os melhores. Penso.
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