quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

POLÍTICA: Perguntas de um Operário Letrado

Um dos grandes poemas de Bertolt Brecht chamava-se «Perguntas de um Operário Letrado» e aí encontrávamos um conjunto de histórias relatadas de acordo com o discurso oficial logo seguidas de umas quantas questões capazes de o porem liminarmente em causa.
Olhando para as imagens do que se vem passando nestes últimos dias podemos escolher algumas histórias significativas e utilizarmos a mesma metodologia do operário de Brecht.
Ponhamos pois as mãos à obra:
Tivemos o merceeiro holandês a ameaçar não se calar enquanto o PS não se render definitivamente à versão Tea Party do PSD.
Será que, à exceção dos suspeitos do costume, ainda há quem queira ouvir um exemplo típico da expressão “não olhes para o que eu faço, olha para o que eu digo”? Quem é que se mostra ainda suficientemente idiota para continuar a fazer compras numa cadeia de supermercados, cujos donos recebem dividendos na Holanda para fugirem aos impostos devidos?
Um rui rio a não ir a jogo enquanto não for levado ao colo até ao poleiro.
Como é possível que o Daniel Oliveira ainda encontre no rio uma virtude - a de não nomear os amigos para cargos públicos! - quando essa é característica que deveremos exigir a todos os nossos políticos?
Um Banco de Portugal cada vez mais enfeudado ao governo, manipulando os números com tanto despudor, que até os mais insuspeitos analistas da Banca privada manifestam suspeitas quanto a tais “previsões” de crescimento.
Já se suspeitava que carlos costa não tivesse a independência exigível a uma entidade reguladora, mas as coisas já vão tão mal quanto aos indicadores do desempenho passista, que a instituição por ele dirigida já está em vias de perder todos os escrúpulos para possibilitar um circunstancial foguetório mediático logo apagado pela efetiva realidade dos factos?
Um aguiar branco a atirar tanta poeira para o ar quanto possível para evitar as explicações sobre um negócio, mais que ruinoso: totalmente obscuro.
Depois de vermos um portas a escapar aos aspetos mais que suspeitos da compra dos submarinos, será que aguiar branco consegue ser tão hábil a escamotear a verdade quanto o seu colega de (des)governo?
Um relatório Estrela (da nossa Edite), que chumba no plenário de Estrasburgo, porque defende os direitos das mulheres e a direita nem sequer se dispõe a votar algo que lhe pareça favorecer a legalidade do aborto.
E não é que, de entre as que votaram contra a possibilidade de o Relatório subir a plenário também estava uma regina portuguesa, que foi para lá mandada a título de deputada do PSD. Será que a exemplo do secretário de estado maçães, também ela tem por guru inspiradora a sarah palin?
Na Venezuela o sucessor de Chavez deu uma banhada à oposição nas eleições municipais.
Se o resultado tivesse sido o contrário será que as televisões e os jornais remeteriam esta notícia para os respetivos rodapés?
No estádio de Joanesburgo Barack Obama apertou a mão a Raul Castro.
E não é que quem estava a relatar para as televisões o acontecimento nem sequer deu por isso?
 A chanceler alemã prometeu apoiar o antigo pugilista, que quer trazer a Ucrânia para a União Europeia.
Será que, a exemplo do seu padrinho kohl, que favoreceu o estilhaçamento da antiga Jugoslávia, quando apoiou a Croácia contra a Sérvia, teremos uma nova guerra com a criação de uma Ucrânia Ocidental fortemente subsidiada pela Alemanha e uma Ucrânia Oriental a viver das migalhas de Putin?
Como conclui Brecht no seu poema: Tantas histórias! Quantas perguntas!


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