domingo, 1 de setembro de 2013

POLÍTICA: a ofensiva da direita na questão do salário mínimo

O “Daily Show” continua a ser programa de visão obrigatória não só porque nega a tese de uma América cingida a uma população individualista e avessa a qualquer ideia de progresso social, mas também porque ali se denunciam os argumentos ideológicos da Fox News, que antecipam os da nossa direita - por natureza incapaz de pensar por si mesma e, por isso mesmo, sempre apressada em colar-se aos seus inspiradores além-fronteiras.
Num episódio agora transmitido na SIC Notícias abordava-se a luta dos trabalhadores das cadeias de fast food para verem aumentado o seu salário mínimo, já que ganham uns míseros 7,5 dólares  à hora e viram por exemplo a McDonald’s apresentar lucros de mais de 5 biliões de dólares em 2012.
Mas os “génios” da cadeia de televisão de Murdoch logo iniciaram a sua ofensiva ideológica com um tipo de argumento de uma desonestidade, que só pode suscitar indignação: o salário mínimo deverá ser ínfimo, senão mesmo inexistente, porque dessa forma retira-se o estímulo aos trabalhadores para que procurem progredir e chegar mais longe nos seus percursos profissionais. Ou seja: os atuais empregados das pizzarias ou das hamburger houses  só não chegam a banqueiros, porque a sociedade prodigaliza-lhes tão lautos rendimentos, que se satisfazem com a (limitadíssima) qualidade de vida por eles propiciados.
Numa altura em que o FMI e Mota Soares andam a tratar de reduzir ou manter o salário mínimo no seu exíguo valor atual, não tardará que o anão da trofa, o domingueiro nadador do Tejo e outros paladinos da ordem social atual comprem a ideia e incentivem os precários e os desempregados a serem ambiciosos e a fazerem impossíveis para se tornarem num qualquer ulrich.


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