Há uns quarenta anos conheci um belíssimo álbum de Yves Montand com canções tradicionais e do cancioneiro revolucionário da esquerda francesa.
O ator e cantor já se distanciara do Partido Comunista Francês, mas ainda não assumira de forma tão detestável a inflexão ideológica, que caracterizaria os seus anos crepusculares.
Uma das canções inseridas nesse álbum era esta: «Les Canuts», que Aristide Bruant compusera em 1910 para exaltar a miséria e a revolta dos tecelões de Lyon. Eles eram esses Canuts, que tinham levado por diante grandes lutas entre 1830 e 1834, iniciando a gesta contestatária da então embrionária classe operária francesa.
Canut era um termo pejorativo no século XIX, que designava os miseráveis , que vendiam a força do seu trabalho em oficinas insalubres, passando o dia a utilizar um instrumento em forma de cana destinado a criar as peças ali produzidas. Os versos começam por considerar que, devido à sua extrema pobreza, os operários andam nus, mas desenvolvida a revolta isso deixará de suceder.
Karl Marx prestaria bastante atenção a esse movimento revolucionário, que lhe permitiu aprofundar a sua teoria.
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