Já sabemos que Miguel Sousa Tavares é extremamente irregular nas suas crónicas do «Expresso», ora levando-nos a concordar totalmente com as suas veementes opiniões, ora chocando-nos com posições completamente às avessas das que defendemos. E até fazendo-nos passar bipolarmente de uma para outra atitude na mesma página, como é o caso do seu texto de hoje.
Fiquemo-nos, porém, por uma posição fácil de subscrever como é o caso da sua abordagem a uma das mais recentes propostas de nuno crato: «Num país que já se tornou um caso de referência internacional como o que mais aceleradamente está a promover a desigualdade social onde os sintomas de desagregação do tecido social são campainhas de alarme a tocar que só os idiotas e os gananciosos não escutam, onde o simples facto de ter um emprego já é olhado como privilégio, o “Governo de Portugal” - um indecente concubinato ideológico entre a rapina fiscal e liberalismo saloio - estuda agora a sedutora tentação de liquidar a escola pública através do “cheque-ensino”, sepultando cem anos de um princípio republicano essencial a um país civilizado».
No verso dessa página escreve outro jornalista com quem raramente é difícil estar de acordo tão evidente costuma ser o seu alinhamento com a direita: Fernando Madrinha. Mas, “candidamente” ele constata o que já há muito é uma evidência para tantos dos que defendem a expulsão do poder das marionetas da troika, que fingem governar o país: «até o mais distraído se pergunta se a troika que manda nos governos dos países sob resgate não será, afinal, simples mandatária de outros poderes. E se a agenda de instituições que todos supomos ao serviço dos povos da Europa não será definida noutras sedes onde pontificam interesses particulares bem menos claros e legítimos, todos subordinados ao poder do dinheiro.»
Onde se comprova o isolamento cada vez mais evidente do governo face à opinião publicada, por muito que uns quantos altifalantes insistam em manter a defesa do indefensável.
Sem comentários:
Enviar um comentário