Voltemos, então, ao artigo de Serge Halimi, que aqui temos recordado («Balanço para preparar uma reconquista», Le Monde Diplomatique, ed. port., maio de 2013) para dele citar um retrato sintético dos tempos atuais: uma economia globalizada em que «o vencedor fica com tudo», sindicatos nacionais feitos em fanicos, uma fiscalidade leve para os rendimentos mais elevados: a máquina produtora das desigualdades está a remodelar todo o planeta.
Graças aos jornais, rádios e televisões de que dispõem, os endinheirados conseguem pôr-se de acordo quanto à «narrativa» a disseminar junto dos que estão a perder em toda a linha para os deixar conformados e passivos perante a suposta «falta de alternativas» às políticas por eles ditadas às marionetas, que lhes servem de «governos representativos e democráticos». E para melhor distrair os incautos criam telenovelas, concursos, programas de bisbilhotices, jogos de futebol e outros veículos de diversão com os quais desfocalizam os indignados do objeto da sua revolta crescente.
E, quando não chega a «legitimidade» dos eleitores residentes, esses representantes do grande capital não hesitam em invocar outras supostas «autoridades» incontornáveis: a troika, as agências de notação ou os mercados financeiros.
Nos EUA o salário mínimo perdeu 30% do seu valor desde 1968; nenhuma lei veio facilitar o calvário que é a criação de um sindicato numa empresa (ao contrário do que prometera o candidato Barack Obama); o capital continua a ser duas vezes menos taxado do que o trabalho (20% contra 39,6%).
Halimi considera que será necessário um trabalho contínuo de educação popular para esclarecer as verdadeiras forças do que está ser tramado, os mecanismos graças aos quais riquezas e poderes foram capturados por uma minoria que controla tantos os mercados como os Estados.
Hoje quem participa nas manifestações procura propostas alternativas, que deem resposta à exasperação desesperada para a qual é urgente encontrar saídas.
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