quinta-feira, 5 de setembro de 2013

POLÍTICA: a urgência de infletir a desigualdade acumulada (3)

Voltemos, então, ao artigo de Serge Halimi, que aqui temos recordado («Balanço para preparar uma reconquista», Le Monde Diplomatique, ed. port., maio de 2013) para dele citar um retrato sintético dos tempos atuais: uma economia globalizada em que «o vencedor fica com tudo», sindicatos nacionais feitos em fanicos, uma fiscalidade leve para os rendimentos mais elevados: a máquina produtora das desigualdades está a remodelar todo o planeta.
Graças aos jornais, rádios e televisões de que dispõem, os endinheirados conseguem pôr-se de acordo quanto à «narrativa» a disseminar junto dos que estão a perder em toda a linha para os deixar conformados e passivos perante a suposta «falta de alternativas» às políticas por eles ditadas às marionetas, que lhes servem de «governos representativos e democráticos». E para melhor distrair os incautos criam telenovelas, concursos, programas de bisbilhotices, jogos de futebol e outros veículos de diversão com os quais desfocalizam os indignados do objeto da sua revolta crescente.
E, quando não chega a «legitimidade» dos eleitores residentes, esses representantes do grande capital não hesitam em invocar outras supostas «autoridades» incontornáveis: a troika, as agências de notação ou os mercados financeiros.
Nos EUA o salário mínimo perdeu 30% do seu valor desde 1968; nenhuma lei veio facilitar o calvário que é a criação de um sindicato numa empresa (ao contrário do que prometera o candidato Barack Obama); o capital continua a ser duas vezes menos taxado do que o trabalho (20% contra 39,6%).
Halimi considera que será necessário um trabalho contínuo de educação popular para esclarecer as verdadeiras forças do que está ser tramado, os mecanismos graças aos quais riquezas e poderes foram capturados por uma minoria que controla tantos os mercados como os Estados.
Hoje quem participa nas manifestações procura propostas alternativas, que deem resposta à exasperação desesperada para a qual é urgente encontrar saídas.



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