Elucidativo - como sempre! - o texto de Pedro Adão e Silva no «Expresso» de hoje. Recorrendo ao título de um dos grandes filmes do século XX ele qualifica de Grande Ilusão aquilo a que o governo se tem dedicado nas semanas mais recentes motivado por essas eleições autárquicas com que PSD e CDS pretendem ganhar o fôlego em falta para se aguentarem até 2015. Mesmo que, daqui a um par de meses, a contestação social esteja em alta passos coelho sempre argumentará com o estimável resultado recente nas autárquicas, tão só ele venha a corresponder ao até agora pressagiado pelas sondagens conhecidas.
É certo que, seja a 26 de outubro ou a uma qualquer outra data a anunciar, o governo arrisca-se a enfrentar outra megamanifestação semelhante à de 15 de setembro de 2012 ou à de 2 de março de 2013. Mas esperará ansiosamente pelas chuvas outonais para refrear os ânimos dos mais exaltados de quantos se indignam com as suas políticas.
Explica-se assim este esforço de anunciar indicadores económicos animadores aonde eles dificilmente se verificam. Até ao domingo das autárquicas todas as manipulações serão justificáveis para iludir os incautos, que ainda se deixem embalar pelo discurso da falta de alternativas ou da pesada herança do governo de José Sócrates. Mesmo que esse discurso falacioso leve Jeroen Dijsselbloem a insurgir-se contra uma qualquer flexibilização do défice para o próximo ano. Pudera! Se os números que lhe chegam ás mãos são tão prometedores, porque diabo haveriam a marilu e o paulinho das feiras chegarem-lhe ao gabinete com tão descabelada proposta?
Não tardará que o outono das ilusões perdidas traga o seu rasto de folhas mortas! Será, porventura, o momento de constatar quão furadas as contas de passos coelho e dos mandantes, que lhe encomendaram a perpetração do atual genocídio social. Invertendo uma famosa boutade de Mark Twain, poder-se-á concluir que as notícias sobre a sobrevivência deste governo poderão ter pecado por muito exageradas!
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